São Paulo, Sábado, 20 de Fevereiro de 1999
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ALVO, DE NOVO
Suposta vítima diz não pretender processar presidente
Acusação de estupro contra Clinton chega à grande imprensa

MARCELO DIEGO
de Nova York

O "Wall Street Journal" publicou ontem o relato de Juanita Broaddrick, que diz ter sido estuprada por Bill Clinton, em 1978, aos 35 anos, quando o atual presidente era secretário de Justiça do Estado de Arkansas.
A acusação de Broaddrick é a primeira, entre as várias que circulam no país, a ser explorada pela grande imprensa desde que o escândalo sexual que gerou o processo de impeachment veio a público, no ano passado.
Broaddrick não está processando Clinton e nem disse que o fará. Afirmou que decidiu relatar novamente sua versão, que circulava na Internet, para "viver com a consciência tranquila".
O próprio "WSJ", que publicou a história com destaque, diz não haver provas de que tudo o que foi relatado seja verdade.
O "WSJ" é o um dos diários de maior prestígio no planeta. Após a absolvição do presidente, semana passada, surgiu o temor na Casa Branca de que a mídia com orientação anti-Clinton apelasse ao sensacionalismo para minar o clima de vitória que há no governo.
Clinton foi alvo de novas acusações depois que veio a público seu relacionamento amoroso com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Tablóides, por exemplo, disseram que Clinton teria um filho fora do casamento.
Em 1978, Clinton concorria ao governo do Estado. Broaddrick trabalhava em sua campanha e, numa noite, teria ficado sozinha numa sala do comitê eleitoral com Clinton, que teria feito insinuações de natureza sexual. Ela diz que recusou, mas que foi jogada na cama e estuprada por Clinton.
Ela contou a versão a seu marido e a amigos. Quando o caso Paula Jones explodiu (funcionária pública que acusava Clinton de assédio sexual), ela foi chamada a depor e negou a história.
Mas o promotor independente Kenneth Starr, que investigava o caso Lewinsky, resolveu convocar Broaddrick novamente, no ano passado, quando ela teria confirmado a história. Segundo o "WSJ", foi por causa dela que muitos membros da Câmara decidiram votar contra Clinton no processo de impeachment.
Ela vinha tentando evitar a mídia. Chegou a escapar de uma perseguição de carros da TV Fox. Mas aceitou dar uma entrevista à NBC, contando sua história.


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