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GUERRA DO IRAQUE - 1 ANO DEPOIS
Presidente defende guerra e reconciliação com seus críticos em discurso para representantes de 83 países na Casa Branca
Bush diz que sua missão é "inescapável"
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente dos EUA, George
W. Bush, usou seu discurso para
marcar um ano da Guerra do Iraque, completado hoje, para fazer
um balanço de sua campanha internacional contra o terrorismo.
Dirigindo-se ontem a representantes de 83 países, muitos dos
quais não concordam com a relação estabelecida pelos EUA entre
o ex-ditator Saddam Hussein e a
rede Al Qaeda, Bush afirmou que
o combate ao terror faz parte de
um "convocação inescapável para
a nossa geração".
"Representamos países que reconheceram o perigo terrorista e
que vão derrotar a ameaça. Enquanto nos reunimos, a lembrança da violência e do terror ainda
está fresca em nossa memória",
disse Bush, em referência aos
atentados na Espanha que mataram mais de 200 pessoas há pouco mais de uma semana.
Entre os presentes ao evento na
Casa Branca estavam representantes de países que se opuseram
à Guerra do Iraque, como França,
Alemanha, Rússia e Canadá.
"Houve muitas discordâncias
em relação a esse assunto [a guerra] entre velhos e valorosos amigos. Essas diferenças pertencem
ao passado, e todos devemos concordar que a queda do ditador iraquiano removeu uma fonte de
violência e instabilidade no
Oriente Médio", disse Bush.
O presidente disse que as campanhas militares no Afeganistão e
no Iraque "levaram sinais de esperança a milhões de pessoas" no
Oriente Médio e na Ásia central.
Bush comparou a atual situação
dos dois países à de Portugal e Espanha na década de 70 e à Polônia
nos anos 80, que teriam "inspirado mudanças democráticas" na
América Latina e nos países do
Leste Europeu, respectivamente.
Bush não fez nenhuma menção
aos quase 600 soldados norte-americanos mortos no Iraque
desde o início da guerra e ao fato
de não terem sido encontradas até
agora as armas de destruição em
massa iraquianas usadas como
principal justificativa para o conflito.
Custos
Não houve qualquer comentário também sobre os custos do
conflito, que ultrapassaram em
muito as estimativas iniciais do
Pentágono e da Casa Branca.
Na mídia norte-americana, especialmente na TV, o aniversário
da Guerra do Iraque também não
inspirou muitas críticas ou observações negativas.
As principais redes, ao contrário, exibiram especiais sobre atrocidades cometidas pelo regime de
Saddam e longas entrevistas com
autoridades. À noite, por exemplo, estava previsto um especial
no programa "Larry King Live",
da rede de TV CNN, com o secretário da Defesa dos EUA, Donald
Rumsfeld.
Entre os jornais, o "New York
Times" dedicou toda a sua seção
de editoriais para falar do Iraque,
onde fez críticas à condução da
guerra e à reconstrução.
Referindo a um possível aumento da participação das Nações Unidas no Iraque a partir de
30 de junho, o jornal afirmou:
"Esperamos que o presidente use
o tempo até lá para planejar seus
próximos passos melhor do que
planejou a ocupação".
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