São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2000


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ATENTADO
Ministério do Interior suspeita de separatistas da Bretanha; seria a primeira ação deles com vítima
Ataque a McDonald's mata 1 na França

das agências internacionais

A explosão de uma bomba num McDonald's da cidade de Dinan (noroeste da França) matou ontem uma funcionária do restaurante, que estava em horário de funcionamento.
O Ministério do Interior suspeita que o ataque esteja ligado a grupos separatistas da Bretanha, como o Exército Revolucionário Bretão (ERB), que já assumiu a responsabilidade de atentados com bombas, mas sem vítimas, ocorridos nos últimos seis meses.
Se confirmada a autoria do atentado, seria o primeiro ataque de separatistas bretões que resulta em morte no país.
O chefe da polícia antiterrorismo da França foi enviado ao local para coordenar as investigações.
"Atos criminosos haviam provocado danos materiais importantes, mas, até agora, não haviam tido consequências tão dramáticas", disse Jean-Pierre Chevènement, ministro do Interior.
"Nada pode justificar esse recurso à violência e a proliferação de atos com consequências fatalmente trágicas."
A direção do McDonald's se disse "consternada" com a morte da funcionária e com o sofrimento de sua família.
"Querem assustar, atacar prédios e, um dia, matam", disse o premiê Lionel Jospin. Segundo ele, os terroristas deviam "ter vergonha de matar uma jovem mulher (28 anos) que só estava fazendo seu trabalho".
O Ministério do Interior da França disse ainda que uma bomba foi desativada do lado de fora de um prédio do correio na cidade de Rennes (a 60 km de Dinan), capital da Bretanha. De acordo com a polícia, os atentados podem estar relacionados.

Ataques anteriores
O prefeito de Dinan, René Benoit, disse que, em 10 de março, terroristas haviam disparado três tiros contra o mesmo McDonald's. Ninguém reivindicou a autoria do atentado, e a gerência não recebeu nenhuma ameaça.
A polícia disse que o ERB pode ter decidido aumentar suas atividades para obter autonomia após a detenção de cerca de dez pessoas (supostos membros de grupos separatistas bretões e bascos) por causa do roubo de mais de oito toneladas de dinamite em setembro de 99.
O presidente da Confederação Camponesa da França, José Bové, negou envolvimento no atentado. Em agosto, Bové invadiu uma loja da rede McDonald's na cidade de Millau, sul da França, para protestar contra a sobretaxa, por parte dos EUA, de uma série de produtos europeus e nacionais, como o queijo roquefort e a mostarda de Dijon.
Em 8 de setembro, um grupo de manifestantes lançou sacos com excrementos animais contra clientes de um McDonald's de Nantes (Bretanha) e gritou frases antiamericanas. Os manifestantes -vários com máscaras- não foram detidos.
Em 11 de setembro, franceses quebraram vidros do McDonald's de Foix, jogaram tinta e escreveram frases nas paredes e nas mesas do restaurante.
Em 16 de outubro, manifestantes (incluindo membros do grupo ambientalista Greenpeace) lançaram o "Dia Mundial Anti-McDonald's" e organizaram protestos em cidades como Dijon e Nevers. Eles protestavam contra a "exploração do Terceiro Mundo" e "o triunfo da OMC (Organização Mundial do Comércio)".
Ontem, o grupo separatista basco Iparretarrak, que atua na França, assumiu a autoria de um ataque a bomba, no domingo, contra instalações da polícia.
O Iparretarrak disse que a intenção era vingar a morte de dois líderes presos no mês passado.


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