São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2000


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VIOLÊNCIA
Vítima levou tiro da polícia dentro de carro roubado
Assassinato de jovem argelino provoca distúrbios em Lille

JOHN LICHFIELD
do "The Independent", em Paris

O assassinato de um jovem argelino por um policial em Lille, no sábado, vem provocando a revolta de centenas de pessoas em toda a França. Foram queimados 36 carros na cidade e 70 jovens foram detidos nos protestos. Ryad Hamlaoui, 23, foi morto no banco da frente de um carro roubado. Ele estava desarmado.
Sthéphane Antolinas, o policial que deu o disparo, foi preso e deve enfrentar processo por assassinato. O sindicato dos policiais alerta que atos contra a polícia estão surgindo em várias partes do país.
A morte de Hamlaoui, que nunca havia tido problemas com a polícia, aconteceu depois de um inverno pacífico nos subúrbios das cidades francesas. O crime embaraça o governo francês. O vice-primeiro-ministro da França, Martine Aubry, é também vice-prefeito de Lille.
O governo vinha investindo na cidade, que sofreu distúrbios semelhantes em 98, com programas de criação de empregos para jovens e a instalação de uma polícia comunitária.
Hamlaoui foi assassinado enquanto comemorava sua entrada no programa de empregos criado pela prefeitura. Após uma primeira investigação, as autoridades dizem que a vítima estava envolvida em um crime no momento de sua morte, mas não encontraram justificativa para o disparo. Sábado, por volta do meio-dia, a polícia encontrou um carro que havia sido furtado. O motorista entregou-se pacificamente e Hamlaoui permaneceu sentado no banco do passageiro. Antolinas estava ao lado do veículo com uma arma apontada para sua cabeça. Disse que disparou após assustar-se com um "movimento brusco" do jovem.
O sindicato policial reclama que a pressão política no caso fez com que Antolinas fosse preso e indiciado por homicídio doloso. Em três casos similares, nos últimos três anos, policiais foram julgados por crimes parecidos e indiciados por homicídio culposo (sem intenção de matar).
O promotor público de Lille Claude Mathon insistiu na qualificação da acusação pelos fatos relatados: "O policial atirou no pescoço da vítima a uma curta distância. Quando isso é feito, pode-se afirmar que houve uma intenção homicida".
Na noite de segunda-feira, milhares de jovens saíram às ruas de Lille gritando "policiais assassinos" e "justiça por Ryad", queimando carros e latas. Houve ainda um confronto com a polícia, no qual os manifestantes utilizaram pedras e bombas caseiras.


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