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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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RECONSTRUÇÃO

País tenta reduzir oposição de europeus, que temem ficar de fora da era pós-Saddam

EUA querem fim gradual de sanções

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O governo americano vai propor à ONU que suspenda as sanções ao Iraque por partes. A estratégia da Casa Branca é uma tentativa de minar a resistência dos países europeus, segundo informou ontem o jornal "The New York Times".
A idéia é submeter três ou quatro resoluções para a aprovação do Conselho de Segurança nos próximos meses, em vez de mandar um único texto pedindo o fim do embargo econômico ao Iraque, disse o "Times" citando fontes do governo Bush.
Estabelecidas após o regime de Saddam Hussein invadir o Kuait, em agosto de 1990, as sanções levaram a ONU a criar, posteriormente, o programa Petróleo por Comida no qual ela controla as vendas do principal produto de exportação do país, dando em troca alimentos e medicamentos para a população iraquiana.
Na proposta que o governo americano deve apresentar, a ONU seguiria supervisionando as vendas de petróleo do Iraque, mas outros campos da economia iraquiana seriam entregues ao controle da administração provisória que está sendo montada pelos EUA.
A discussão sobre o fim das sanções é apenas uma ponta de um duelo maior, pelo controle do Iraque no pós-guerra.
O bloco europeu, majoritariamente contrário à guerra, teme que a ONU perca de vez seu poder sobre o país caso suspenda o embargo econômico, abrindo caminho para os EUA controlarem sozinhos a reconstrução.
Por isso, na última semana, reagiram de forma moderada à idéia de acabar com as sanções, aventada pelo presidente George W. Bush na quarta-feira passada.
Um empecilho aos planos dos EUA reside no fato de que até agora o país não encontrou armas de destruição em massa no território iraquiano, a principal justificativa apontada por Bush para a guerra. A ONU quer a volta dos seus inspetores ao país, mas o governo americano tem colocado apenas funcionários seus na busca, atitude que desagrada a outros membros do Conselho de Segurança.
Em Washington, por sua vez, oficiais dizem que será impossível reconstruir o país caso o embargo não seja suspenso.
Parte da própria administração dos EUA, porém, acredita que seria impossível "dividir" o programa Petróleo por Comida, dada a complexidade de sua estrutura, com grande rede assistencialista. Já outros membros do governo acham que a ONU deveria reter o controle sobre o comércio de petróleo, mas poderia liberar transações com bens e serviços para a agroindústria e para os serviços civis. Para conseguir aprovar tal ponto na ONU, os EUA poderiam oferecer, em troca, a garantia de que esses bens e serviços continuariam em grande parte sendo importados de França, Rússia e Síria, países que também são membros do Conselho, os dois primeiros com direito a veto.
Enquanto isso não acontece, o governo americano toca seu projeto de obras no Iraque com empresas dos EUA. Hoje deve chegar ao Kuait um engenheiro da Bechtel, companhia que ganhou a maior concorrência para trabalhar no país até aqui, um contrato de US$ 680 milhões.

Bush
O presidente americano, que passa o feriado em seu rancho no Texas, vai hoje participar de uma celebração da Páscoa ao lado de militares em Fort Hood, base de 20 mil soldados que estão lutando no Oriente Médio.
Em seu discurso semanal no rádio, ontem, ele fez diversas menções religiosas aos americanos que combatem no Iraque.
"Como uma nação, nós continuamos a rezar por todos aqueles que servem como militares. Também rezamos por todos os que perderam pessoas amadas na guerra. Eu me encontrei com algumas dessas famílias em luto, eu vi sua tristeza e sua força", afirmou Bush.

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