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ELEIÇÃO
Prefeito de Nova York, com câncer, fez anúncio ontem
Giuliani deixa disputa ao Senado dos EUA e pode favorecer Hillary
MALU GASPAR
de Nova York
O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, 55, anunciou ontem que desistiu de disputar com
a primeira-dama Hillary Clinton
a vaga para representar os nova-iorquinos no Senado.
Abatido e triste, Giuliani afirmou ontem que decidiu "colocar
a saúde em primeiro lugar". "Este
não é o tempo certo para concorrer ao cargo. Eu não sinto que seria capaz de me comprometer e
ser o candidato que eu deveria
ser", afirmou o prefeito, que está
com câncer na próstata.
O anúncio foi o terceiro e último
capítulo de uma "novela" que começou ainda no final de abril. Na
ocasião, ele convocou a imprensa
para anunciar que tinha câncer,
ainda em fase inicial.
No segundo, duas semanas depois, o público ficou sabendo que
o prefeito estava se separando de
sua mulher depois de 16 anos de
casado, provavelmente por causa
das notícias nos tablóides sobre
sua "amizade" com outra mulher.
Giuliani deve continuar na prefeitura até o final de 2001, enquanto faz o tratamento médico.
O prefeito procurou desvincular a sua desistência dos problemas em seu casamento. Num discurso emocionado, falando em
Deus duas vezes, disse que vai
procurar ser um prefeito melhor.
Logo após o anúncio de Giuliani, Hillary deu uma entrevista coletiva para afirmar que deseja ao
prefeito sorte e boa recuperação.
A pressão do Partido Republicano sobre o prefeito para que tomasse uma decisão o mais cedo
possível foi grande. Além de estar
perdendo terreno para a primeira-dama, Giuliani tinha um prazo
para a definição, já que os republicanos têm de indicar o candidato
até 30 de maio.
O nome mais provável para
substituir Giuliani é o do deputado republicano Rick Lazio, 42, de
Long Island, região metropolitana de Nova York. Visto como um
republicano moderado, ele, assim
como Hillary, é a favor do direito
ao aborto e de maior controle da
posse de armas no país.
Caso seja confirmado como o
candidato republicano, ele terá
que enfrentar alguns obstáculos.
O primeiro é ser pouco conhecido
do eleitorado. O segundo, ter
"apenas" US$ 3,5 milhões, contra
os US$ 19 milhões já arrecadados
por Giuliani -dinheiro que não
pode ser transferido- e os US$
12 milhões de Hillary.
Mas terá a seu favor algumas
vantagens, entre elas a forte rejeição enfrentada pela primeira-dama. "Há um sentimento anti-Hillary muito forte, e em Nova York
esse sentimento é reforçado pelo
fato de ela não ser daqui. Mas a essa altura ela já visitou todos os
condados do Estado e está em
campanha há quase um ano, o
que torna a tarefa mais difícil para
ele", afirma o analista de opinião
pública Lee Miringoff.
Segundo uma pesquisa de opinião do instituto Quinnipiac College, com a saída de Giuliani, Hillary teria boa vantagem: 50% da
preferência, contra 31% de Lazio.
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