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GUERRA SEM LIMITES
Vice-presidente americano diz que "é quase certo" que haverá outras ações da rede terrorista Al Qaeda
Cheney prevê novo atentado nos EUA
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
A possibilidade de um novo ataque terrorista de grandes proporções contra os EUA é "quase certa", afirmou ontem o vice-presidente Dick Cheney.
"Na minha opinião, a perspectiva de um futuro ataque contra os
EUA é quase certa", disse ele durante o programa de TV "Meet
the Press", da rede NBC. "Não sabemos se será amanhã, na próxima semana ou no próximo ano,
mas eles vão continuar tentando.
E nós teremos que estar preparados", afirmou, referindo-se à rede
terrorista Al Qaeda, comandada
pelo saudita Osama bin Laden.
"Não é uma questão de "se", mas
de "quando"."
O alerta de Cheney é feito quatro dias depois da revelação de
que o presidente dos EUA, George W. Bush, foi avisado pela CIA
antes de 11 de setembro de que
Bin Laden planejava sequestrar
aviões comerciais do país.
Embora as últimas pesquisas
mostrem que a alta popularidade
do presidente não foi abalada por
essa revelação, a maioria dos norte-americanos acha que Bush errou ao não ter repassado à população o alerta que recebeu da CIA.
Além disso, a oposição democrata tem usado esse episódio para criticar Bush abertamente, fazendo ruir a sustentação parlamentar maciça a Bush a seis meses das eleições parlamentares de
novembro.
Ao fazer seu alerta ontem, Cheney disse que não está tentando
absolver antecipadamente o governo caso outros ataques ocorram. O vice-presidente também
não quis vincular a possibilidade
de um novo ataque a indícios específicos dos serviços de inteligência dos EUA, dizendo que nenhum indício específico de ataque chegou à Casa Branca.
Segundo Cheney a certeza de
um novo atentado é uma "simples constatação lógica" de que
não é possível ter controle total
sobre grupos terroristas. "Se tivermos 99% de controle, é possível que o 1% restante transforme-se num atentado." Apesar da ressalva, ele confirmou a notícia, revelada no sábado, de que o serviço
de informações dos EUA detectou
sinais de que outro ato terrorista
poderia estar em andamento.
O "New York Times" informou
que as agências de inteligência interceptaram recentemente comunicação entre membros da Al
Qaeda sugerindo a preparação de
um ataque "tão grande ou maior"
do que os de 11 de setembro.
Indagado se Bin Laden prepara-se para atacar novamente alvos
norte-americanos, Cheney disse:
"Achamos que está. Certamente
captamos um ruído no sistema
indicando que eles continuam
tentando". O vice-presidente disse que esses indícios são genéricos
e devem ser vistos com cuidado
porque podem ser manobras diversionistas da Al Quaeda para
enganar a CIA e o FBI.
Segundo Cheney, a população
precisa ficar atenta e não perder o
grau de alerta pós-11 de setembro.
"Existe uma grande tentação da
população de rever 11 de setembro e dizer, "bem, não fomos atacados em oito meses, portanto as
ameaças acabaram". Não acho
que esse seja o caso."
A assessora para segurança nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, reforçou a tensão implícita no aviso de Cheney ao declarar ontem que o grau de alerta
hoje nos EUA é o maior desde 11
de setembro. Desde os atentados
que destruíram as torres do
World Trade Center (WTC) e
atingiram o Pentágono, o governo já alertou os cidadãos cinco vezes para o risco de ataques.
Defesa de Bush
Cheney criticou duramente a
oposição democrata por ter dito
nos últimos dias que Bush falhou
por não ter agido apropriadamente depois de receber o alerta
da CIA no dia 6 de agosto. "Tenho
um sentimento profundo de raiva
só de pensar que alguém possa
sugerir que o presidente dos EUA
tinha conhecimento prévio do
que ocorreria e não agiu. Achei
que isso passou dos limites."
Cheney disse que reviu o memorando entregue pela CIA a
Bush em agosto e não viu nada
que pudesse fazer a Casa Branca
evitar os atentados. No entanto,
reconheceu que houve falhas dos
serviços de informação, afirmando que a CIA não conseguiu coordenar suas informações com o
FBI, a agência de inteligência interna dos EUA.
"Não há dúvidas de que houve
falhas", disse Cheney. "Mas não
posso dizer que, se tivesse havido
coordenação...chegaríamos à
conclusão de que eles iriam atingir o WTC e o Pentágono."
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