São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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AMÉRICA DO SUL

Hospital diz que ele teve "crise isquêmica"

A seis dias de ir a corte, Pinochet é internado e liberado horas depois

DA REDAÇÃO

A uma semana de uma decisão judicial sobre ação que pede a quebra de sua imunidade, o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, 89, foi internado ontem no hospital Militar de Santiago do Chile. Segundo o hospital, sofreu um acidente vascular cerebral. Foi liberado no início da noite.
Segundo relatório médico divulgado pela unidade de cuidados intensivos, Pinochet foi avaliado por uma "crise isquêmica transitória". A isquemia é uma insuficiência localizada de irrigação sangüínea, devido a uma compressão ou obstrução arterial.
Após cerca de cinco horas no hospital, o ex-ditador voltou para sua casa de campo em Los Boldos (120 km de Santiago), de onde, segundo relatos familiares e de assessores, havia sido levado pela manhã após sofrer um desmaio.
"Foi um problema derivado de seu diabetes", disse o porta-voz do ex-ditador, Guillermo Garín.
Já o general da reserva Luis Cortés Villa, diretor da Fundação Pinochet, disse que a notícia da morte de cinco militares chilenos e o desaparecimento de outros 65 numa tempestade de neve no sul do Chile "afetou" o ex-ditador.
Na próxima quarta-feira, a Corte de Apelações de Santiago deve comunicar sua decisão sobre um pedido de quebra de imunidade do ex-ditador em processo em que é investigado por enriquecimento ilícito, corrupção, desvio de dinheiro e fraude ao Fisco durante seu governo (1973-90).
A investigação, a cargo do juiz Sergio Muñoz, foi aberta depois que uma comissão do Senado dos EUA revelou que Pinochet movimentou em agências do Riggs Bank em Washington e Miami ao menos US$ 12 milhões em contas secretas, nos anos 90.
O ex-ditador é também investigado por violações de direitos humanos cometidas em seu regime, mas seus advogados de defesa têm conseguido bloquear os processos sob o argumento de que está muito doente para se defender.
Em janeiro, Pinochet chegou a ficar em prisão domiciliar após indiciamento por sua responsabilidade em nove seqüestros e um assassinato realizados em seu governo pela Operação Condor, ação conjunta de ditaduras militares sul-americanas nos anos 70. Ele foi libertado, porém, após pagamento de fiança de US$ 3.500.


Com agências internacionais e o jornal "La Tercera"

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