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UNIÃO EUROPÉIA
Líderes políticos da direita, da esquerda e do centro europeus dizem aos franceses que não haverá renegociação
Europa cobra "sim" da França à Carta da UE
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Líderes políticos da França, da
Alemanha e da Polônia e boa parte da esquerda social-democrata
européia fizeram, nos últimos
dias, na França, campanha pela
adoção da Constituição da União
Européia no plebiscito que será
em 29 de maio. O "não" está na
frente, com 53% das intenções de
voto, segundo a última pesquisa.
Em Nancy, no leste da França, o
presidente Jacques Chirac, que recebia seu colega polonês, Aleksander Kwasniewski, e o chanceler (premiê) alemão, Gerhard
Schröder, reiterou que não haverá
possibilidade de renegociar a Carta se o "não" vencer o plebiscito.
"Podemos dizer "sim" ou "não",
mas não podemos imaginar que
seja possível renegociar", disse
Chirac, que é de centro-direita.
Schröder, por sua vez, afirmou
que é uma "pura ilusão" pensar
que um "plano B" exista. "A França tem a responsabilidade de não
decepcionar os outros membros.
Se quisermos desenvolver a Europa, precisaremos de todos, especialmente da França", declarou.
Em tese, todos os 25 Estados-membros da UE devem aprovar a
Constituição para que ela possa
entrar em vigor, em 2009. De
acordo com analistas consultados
pela Folha, contudo, será possível, ao menos do ponto de vista legal, renegociar o texto se o "não"
vencer "só em alguns países".
"Trata-se de uma decisão política, não de algo legal. A declaração
30, que foi anexada ao projeto de
texto constitucional, estabelece
que o Conselho Europeu estudará
a situação se 80% dos países adotarem a Carta. Ora, os que não o
fizerem ficarão enfraquecidos",
analisou Walter van Gergen, da
Universidade de Louvain, Bélgica.
Para Anne-Marie Le Gloannec,
do Instituto Marc Bloch (Berlim)
e do Centro de Estudos e Pesquisas Internacionais (Paris), o apoio
do governo francês ao "sim" é,
portanto, uma obrigação. "Chirac
sabe que a França ficará debilitada em relação aos "grandes" [a
Alemanha e o Reino Unido]. Isso
não interessa aos franceses nem
aos alemães, que compartilham
uma certa "visão da Europa"."
Social-democratas
Os social-democratas europeus
se reuniram em Paris, anteontem
à noite, para reforçar o campo esquerdista do "sim" na França. Ao
menos 35 personalidades políticas, como o presidente do Parlamento Europeu, o espanhol Josep
Borrel, o ministro das Relações
Exteriores alemão, Joschka Fischer, e o ex-premiê francês Lionel
Jospin, participaram do evento.
"Embora oficialmente apóie o
"sim", o Partido Socialista francês
ainda não encontrou um lugar
confortável na campanha porque
alguns de seus líderes, como o ex-premiê [Laurent] Fabius [1984-86], são contra a adoção da Carta
da UE", indicou Le Gloannec.
De fato, segundo pesquisas,
eleitores esquerdistas demonstram maior oposição à Constituição que os outros. Assim, o evento dos social-democratas foi considerado "bastante positivo".
Com agências internacionais
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