São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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UNIÃO EUROPÉIA

Líderes políticos da direita, da esquerda e do centro europeus dizem aos franceses que não haverá renegociação

Europa cobra "sim" da França à Carta da UE

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Líderes políticos da França, da Alemanha e da Polônia e boa parte da esquerda social-democrata européia fizeram, nos últimos dias, na França, campanha pela adoção da Constituição da União Européia no plebiscito que será em 29 de maio. O "não" está na frente, com 53% das intenções de voto, segundo a última pesquisa.
Em Nancy, no leste da França, o presidente Jacques Chirac, que recebia seu colega polonês, Aleksander Kwasniewski, e o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, reiterou que não haverá possibilidade de renegociar a Carta se o "não" vencer o plebiscito. "Podemos dizer "sim" ou "não", mas não podemos imaginar que seja possível renegociar", disse Chirac, que é de centro-direita.
Schröder, por sua vez, afirmou que é uma "pura ilusão" pensar que um "plano B" exista. "A França tem a responsabilidade de não decepcionar os outros membros. Se quisermos desenvolver a Europa, precisaremos de todos, especialmente da França", declarou.
Em tese, todos os 25 Estados-membros da UE devem aprovar a Constituição para que ela possa entrar em vigor, em 2009. De acordo com analistas consultados pela Folha, contudo, será possível, ao menos do ponto de vista legal, renegociar o texto se o "não" vencer "só em alguns países".
"Trata-se de uma decisão política, não de algo legal. A declaração 30, que foi anexada ao projeto de texto constitucional, estabelece que o Conselho Europeu estudará a situação se 80% dos países adotarem a Carta. Ora, os que não o fizerem ficarão enfraquecidos", analisou Walter van Gergen, da Universidade de Louvain, Bélgica.
Para Anne-Marie Le Gloannec, do Instituto Marc Bloch (Berlim) e do Centro de Estudos e Pesquisas Internacionais (Paris), o apoio do governo francês ao "sim" é, portanto, uma obrigação. "Chirac sabe que a França ficará debilitada em relação aos "grandes" [a Alemanha e o Reino Unido]. Isso não interessa aos franceses nem aos alemães, que compartilham uma certa "visão da Europa"."

Social-democratas
Os social-democratas europeus se reuniram em Paris, anteontem à noite, para reforçar o campo esquerdista do "sim" na França. Ao menos 35 personalidades políticas, como o presidente do Parlamento Europeu, o espanhol Josep Borrel, o ministro das Relações Exteriores alemão, Joschka Fischer, e o ex-premiê francês Lionel Jospin, participaram do evento.
"Embora oficialmente apóie o "sim", o Partido Socialista francês ainda não encontrou um lugar confortável na campanha porque alguns de seus líderes, como o ex-premiê [Laurent] Fabius [1984-86], são contra a adoção da Carta da UE", indicou Le Gloannec.
De fato, segundo pesquisas, eleitores esquerdistas demonstram maior oposição à Constituição que os outros. Assim, o evento dos social-democratas foi considerado "bastante positivo".


Com agências internacionais

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