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TRAGÉDIA NA ÁSIA
Sismo causador do tsunami que matou quase 180 mil no Índico foi o mais longo já registrado, dizem cientistas
Planeta todo tremeu com abalo de Sumatra
RANDOLPH E. SCHIMID
DA ASSOCIATED PRESS
O terremoto que atingiu a costa
de Sumatra em dezembro de 2004
e provocou o tsunami que matou
quase 180 mil pessoas em 11 países
foi o mais longo desde que os tremores passaram a ser medidos e
abalou toda a superfície da Terra,
disseram cientistas. Semanas depois, o planeta ainda estava tremendo
O abalo sísmico foi o resultado
da mais longa ruptura de uma falha na superfície terrestre já observada (algo entre 1160 e 1250
quilômetros) e demorou cerca de
dez minutos. A duração média de
um terremoto é de 30 segundos.
O terremoto do tsunami foi o
primeiro dessa magnitude a ser
registrado e estudado por novos
instrumentos digitais de medição
sísmica, espalhados pelo mundo.
Os resultados começam a emergir
na edição da revista "Science"
desta semana, que publica uma
seção especial com seis artigos
científicos sobre o tremor.
"Trata-se de um evento revolucionário. Nunca tivemos dados
tão abrangentes sobre um grande
terremoto, pois não tínhamos
instrumentos para reuni-los há 40
anos", disse Thorne Lay, professor de Ciências da Terra e diretor
do Instituto de Geofísica e Física
Planetária da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.
O terremoto ocorreu quando
duas placas tectônicas gigantescas
que formam a superfície terrestre
entraram em atrito. No local do
choque, a placa da Eurásia estava
sendo forçada para baixo pela
placa Indo-australiana, que descia. O tremor liberou a ponta da
placa da Eurásia, que levantou o
fundo do oceano Índico e deu origem ao tsunami, uma onda gigantesca que matou mais de 176 mil
pessoas e deixou mais de 50 mil
desaparecidos, diz o estudo.
Ainda de acordo com os artigos,
a porção elevada do fundo do
oceano deslocou tanta água da
baía de Bengala e do mar de Adaman que o nível do mar no mundo inteiro subiu em 0,1 milímetro.
"Nenhum ponto sobre a Terra
permaneceu intacto", escreveu
Roger Bilham, da Universidade
do Colorado.
De fato, movimentações no solo
de até um centímetro ocorreram
em toda parte da superfície do
planeta, embora na maioria dos
casos tenha sido muito pequena
para ser sentida. O tremor "deu
um chacoalhão no nosso planeta"
que foi sentido por semanas, ressaltou uma equipe de pesquisadores da Universidade Yale.
Segundo cálculos do grupo, o
terremoto provocou na Terra oscilações como as de um sino, por
períodos de 17 minutos, que eles
conseguiram medir por semanas
após o ocorrido. Um fenômeno
semelhante foi notado pela primeira vez em um terremoto em
1960 no Chile.
O terremoto original do dia 26
de dezembro de 2004 teve sua
magnitude calculada entre 9,1 e
9,3 na escala Richter, e um segundo terremoto em 28 de março
deste ano chegou a 8,6.
Entre as outras conclusões dos
estudos ainda está o fato de, no Sri
Lanka, a mais de 1600 quilômetros do epicentro, o chão ter se
movido 10 centímetros, enquanto
no Alasca, ondas de tremor provocaram 14 terremotos locais.
Além disso, a ruptura se alastrou de norte a sul: na Rússia, para
onde convergia o movimento, os
aparelhos registraram uma freqüência maior, enquanto na Austrália, que ficava na direção contrária das ondas, ele foi registrado
com uma freqüência menor.
Também assinaram artigos
Charles J. Ammon (Universidade
Estadual da Pensilvânia), Michael
West (Universidade do Alasca) e
Roland Burgmann (Universidade
da Califórnia em Berkeley).
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