|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NOS EUA / DECISÃO DEMOCRATA
Perto de marco simbólico, Obama evita cantar vitória
Preocupada com reação de eleitores de Hillary, campanha do senador volta atrás
Rivais devem dividir vitórias em prévias em Kentucky e Oregon hoje; senador está prestes a conseguir maioria dos delegados simples
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Preocupada com manifestações negativas recentes de eleitores de Hillary Clinton -sobretudo da importante base feminina da ex-primeira-dama-,
a campanha de Barack Obama
recuou no tom do antecipado
"discurso da vitória" que o favorito para ser o candidato do
Partido Democrata à Presidência dos EUA deve fazer hoje.
Segundo pesquisas de intenção de voto, é quando o pré-candidato atinge a maioria dos
delegados, após as prévias partidárias de Kentucky e Oregon.
"Isso não quer dizer que nós
vamos declarar vitória, porque
eu não serei o candidato até que
tenha uma combinação suficiente de delegados e superdelegados para atingir a marca",
retrocedeu Obama em entrevista anteontem à noite. "Mas o
que isso significa é que os eleitores nos deram a maioria dos
delegados que eles podem dar."
Em entrevista no dia 7, um
assessor de Obama dissera que
"no dia 20 de maio, vamos declarar vitória". No dia seguinte,
o próprio candidato confirmaria os planos. Em e-mail enviado na tarde de ontem, David
Plouffe, coordenador da campanha do senador, afirmava:
"Estamos a apenas 16 delegados de atingir a maioria. Não
deixe de assistir ao discurso de
Barack amanhã [hoje] à noite".
Plouffe se referia aos delegados a que cada candidato tem
direito de acordo com os resultados das prévias partidárias,
que são 3.253. Há ainda 797
"superdelegados", cujo voto na
convenção partidária é livre,
independente das prévias.
A indicação à candidatura do
partido só é oficial se um dos
concorrentes atinge a marca de
2.025 delegados totais, pelas
contas atuais, ou 2.210, como
defende a ex-primeira-dama,
que quer incluir os delegados
de Flórida e Michigan, desclassificados por desobediência.
Nenhum dos dois deverá
chegar a esse saldo hoje, mas
Obama estará mais próximo do
primeiro. Continua na frente
também em todos os outros
quesitos: número de superdelegados, voto popular, Estados
ganhos e dinheiro arrecadado.
Não tão rápido
Não é o que pensa Hillary
Clinton e sua campanha.
Em e-mail alusivo à declaração de George W. Bush de que
tinham acabado os combates
principais no Iraque já em maio
de 2003, intitulado "Missão
cumprida? Não tão rápido", o
diretor de comunicações Howard Wolfson diz que "os planos do senador de se declarar o
escolhido democrata na noite
de amanhã [hoje] em Iowa é
um tapa na cara de milhões de
eleitores nas primárias que faltam e aos 17 milhões de eleitores de Hillary Clinton".
Hillary também voltou ao assunto. "A disputa está longe de
acabar", disse ontem, em comício em Maysville, no Kentucky.
"Nenhum de nós terá o número
suficiente de delegados para
garantir a indicação do partido,
apesar de eu estar ciente de que
meu oponente e seus aliados
tentarão argumentar isso." Ela
sabe que sua situação é difícil,
mas joga para a platéia, em busca de capital político.
Quanto mais tempo continuar na corrida, mais votos populares a senadora terá ao sentar com o adversário para negociar o apoio. Reuniões entre as
duas campanhas já vêm acontecendo em forma de jantares.
Mas a equipe de Obama se
preocupa sobretudo com a alienação do voto feminino mais
velho, base da candidatura da
rival e onde o senador não se sai
tão bem. Várias organizações
têm mostrado incômodo quanto ao clima de "já ganhou" do
eleitorado obamista. "Quem
quiser ganhar em novembro terá de reconquistar essa fatia",
disse David Paleologos, do Centro de Pesquisa Política da Universidade Suffolk, em Boston.
Texto Anterior: Havana acusa diplomata dos EUA de levar dinheiro a opositores Próximo Texto: Sozinho no campo republicano, McCain enfrenta problemas Índice
|