São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DECISÃO DEMOCRATA

Perto de marco simbólico, Obama evita cantar vitória

Preocupada com reação de eleitores de Hillary, campanha do senador volta atrás

Rivais devem dividir vitórias em prévias em Kentucky e Oregon hoje; senador está prestes a conseguir maioria dos delegados simples

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Preocupada com manifestações negativas recentes de eleitores de Hillary Clinton -sobretudo da importante base feminina da ex-primeira-dama-, a campanha de Barack Obama recuou no tom do antecipado "discurso da vitória" que o favorito para ser o candidato do Partido Democrata à Presidência dos EUA deve fazer hoje.
Segundo pesquisas de intenção de voto, é quando o pré-candidato atinge a maioria dos delegados, após as prévias partidárias de Kentucky e Oregon.
"Isso não quer dizer que nós vamos declarar vitória, porque eu não serei o candidato até que tenha uma combinação suficiente de delegados e superdelegados para atingir a marca", retrocedeu Obama em entrevista anteontem à noite. "Mas o que isso significa é que os eleitores nos deram a maioria dos delegados que eles podem dar."
Em entrevista no dia 7, um assessor de Obama dissera que "no dia 20 de maio, vamos declarar vitória". No dia seguinte, o próprio candidato confirmaria os planos. Em e-mail enviado na tarde de ontem, David Plouffe, coordenador da campanha do senador, afirmava: "Estamos a apenas 16 delegados de atingir a maioria. Não deixe de assistir ao discurso de Barack amanhã [hoje] à noite".
Plouffe se referia aos delegados a que cada candidato tem direito de acordo com os resultados das prévias partidárias, que são 3.253. Há ainda 797 "superdelegados", cujo voto na convenção partidária é livre, independente das prévias.
A indicação à candidatura do partido só é oficial se um dos concorrentes atinge a marca de 2.025 delegados totais, pelas contas atuais, ou 2.210, como defende a ex-primeira-dama, que quer incluir os delegados de Flórida e Michigan, desclassificados por desobediência.
Nenhum dos dois deverá chegar a esse saldo hoje, mas Obama estará mais próximo do primeiro. Continua na frente também em todos os outros quesitos: número de superdelegados, voto popular, Estados ganhos e dinheiro arrecadado.

Não tão rápido
Não é o que pensa Hillary Clinton e sua campanha.
Em e-mail alusivo à declaração de George W. Bush de que tinham acabado os combates principais no Iraque já em maio de 2003, intitulado "Missão cumprida? Não tão rápido", o diretor de comunicações Howard Wolfson diz que "os planos do senador de se declarar o escolhido democrata na noite de amanhã [hoje] em Iowa é um tapa na cara de milhões de eleitores nas primárias que faltam e aos 17 milhões de eleitores de Hillary Clinton".
Hillary também voltou ao assunto. "A disputa está longe de acabar", disse ontem, em comício em Maysville, no Kentucky. "Nenhum de nós terá o número suficiente de delegados para garantir a indicação do partido, apesar de eu estar ciente de que meu oponente e seus aliados tentarão argumentar isso." Ela sabe que sua situação é difícil, mas joga para a platéia, em busca de capital político.
Quanto mais tempo continuar na corrida, mais votos populares a senadora terá ao sentar com o adversário para negociar o apoio. Reuniões entre as duas campanhas já vêm acontecendo em forma de jantares.
Mas a equipe de Obama se preocupa sobretudo com a alienação do voto feminino mais velho, base da candidatura da rival e onde o senador não se sai tão bem. Várias organizações têm mostrado incômodo quanto ao clima de "já ganhou" do eleitorado obamista. "Quem quiser ganhar em novembro terá de reconquistar essa fatia", disse David Paleologos, do Centro de Pesquisa Política da Universidade Suffolk, em Boston.


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