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Presidente da Câmara britânica renuncia
Crise causada por uso abusivo de verbas de gabinete faz premiê propor órgão independente para controlar gastos dos parlamentares
Michael Martin é o primeiro presidente da Casa forçado a deixar o cargo desde 1695; trabalhistas perdem mais com escândalo, diz pesquisa
Matt Dunham-03.dez.08/Reuters
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O presidente da Câmara dos Comuns, Michael Martin, que ontem anunciou que deixará o cargo
DA REDAÇÃO
A crise que vive o Parlamento
britânico por denúncias de gastos irregulares de verbas extrassalariais e auxílios-moradia
por seus integrantes provocou
ontem a renúncia do presidente da Câmara dos Comuns.
Também houve reação do
primeiro-ministro, Gordon
Brown, que anunciou um projeto de reforma no controle de
gastos dos parlamentares.
Presidente da Câmara baixa
-centro do poder no Reino
Unido-, o trabalhista Michael
Martin não se envolveu com
nenhuma das acusações de uso
antiético do auxílio-moradia ou
gastos supérfluos.
Ele, no entanto, se opôs à liberação das informações sobre
gastos e é visto como defensor
do atual estado de coisas, em
que o Parlamento, segundo expressão usada ontem por
Brown, funciona como um
"clube de cavalheiros" privado.
Anteontem, parlamentares
pediram a saída do presidente.
Num curto pronunciamento
sobre o assunto na Câmara dos
Comuns, Martin disse que, para manter a "unidade" da Casa,
deixará o cargo em 21 de junho.
"É tudo que tenho a dizer sobre o assunto", afirmou, propondo em seguida uma nova
discussão para a pauta. Faz parte das atribuições do presidente da Casa a definição da ordem
dos debates e dos parlamentares a falar.
A última vez em que um
"speaker", como é denominado
o cargo, tinha sido obrigado a
deixar a função fora em 1695. O
então presidente da Câmara foi
acusado de receber propina.
Também ontem à tarde,
Brown convocou uma entrevista coletiva para anunciar mudanças no controle de gastos
dos parlamentares. Ele prometeu uma proposta de legislação
que crie uma comissão independente e permanente para
acompanhar o uso de verbas
públicas do Parlamento.
Propôs também alterações
nas regras para uso do auxílio-moradia a que os parlamentares têm direito -o Parlamento
ajuda no pagamento de prestações de uma "segunda casa" em
Londres, já que muitos de seus
membros são originários de outras regiões do país.
Segundo Brown, a ideia é exigir que qualquer ganho proveniente da venda de tais imóveis,
se adquiridos com a ajuda de dinheiro público, seja ressarcido
aos cofres públicos.
Numa terceira reação, a outra Casa do Parlamento, a Câmara dos Lordes, anunciou a
instauração de uma investigação independente sobre os gastos dos seus integrantes bancados por recursos públicos.
Trabalhistas atingidos
Embora as acusações de uso
abusivo de verbas perpassem
diversas siglas, o Partido Trabalhista e o premiê foram os
mais atingidos politicamente,
de acordo com pesquisa realizada no fim de semana pelo jornal "The Guardian".
Entre os entrevistados, 69%
disseram que Brown lidou mal
com a crise; enquanto cerca de
55% disseram acreditar que o
líder da oposição, David Cameron (do Partido Conservador),
reagira de forma oposta.
A mesma pesquisa confirmou tendência anterior que indica uma possível alternância
de poder no Reino Unido. Do
total, 39% disseram pretender
votar nos conservadores na
próxima eleição, enquanto 28%
afirmavam que votariam nos
trabalhistas.
Anteontem, Cameron, principal nome de oposição a
Brown, lançou a proposta de
dissolução do Parlamento e a
realização de eleição geral no
país nos próximos meses. A decisão sobre eleições cabe ao primeiro-ministro, dentro de um
prazo máximo que vence apenas no ano que vem.
Com agências internacionais
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