São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo da Tailândia impõe toque de recolher em Bancoc

Regime é adotado após operação militar que dispersou "camisas vermelhas"

Com a rendição dos líderes do protesto, manifestantes ateiam fogo a 27 prédios da cidade; ação do Exército deixa ao menos 6 mortos


DA REDAÇÃO

O governo da Tailândia impôs ontem toque de recolher na capital Bancoc e em mais 23 Províncias do país após uma operação militar que dispersou manifestantes antigoverno e forçou seus líderes à rendição.
A ação deixou a capital em chamas. Os "camisas vermelhas" incendiaram ao menos 27 prédios, incluindo o da Bolsa de Valores e bancos comerciais. O premiê Abhisit Vejjajiva disse na TV que a calma será restaurada, mas informou que as tropas têm permissão para atirar em suspeitos.
A ação militar teve início na manhã de ontem (noite de terça no Brasil). Soldados cercaram o acampamento dos "camisas vermelhas" -montado em um importante distrito comercial de Bancoc. Veículos blindados avançaram contra trincheiras formadas por pneus e bambus. Sem chances de resistência, sete líderes do protesto renderam-se. "Por favor, voltem para casa", disse um deles aos seus seguidores enquanto era preso.
Por volta do meio-dia, os militares retomaram o controle da zona de protesto e as operações foram encerradas. Hoje, a cidade amanheceu com novos relatos de tiroteio e pânico. O toque de recolher em Bancoc -das 20h às 6h- foi estendido para outras 23 Províncias, após choques terem sido registrados nas regiões rurais do norte e nordeste do país, de onde vem grande parte do apoio aos "camisas vermelhas". A Tailândia tem 76 Províncias.

Mortos e feridos
Ao menos seis pessoas -entre elas um fotógrafo italiano- morreram na operação. Entre os cerca de 60 feridos, há dois jornalistas, além de um documentarista dos EUA. Desde que os "camisas vermelhas" chegaram a Bancoc, em 12 de março, ao menos 70 pessoas morreram e cerca de 1.800 ficaram feridas.
Eles protestavam contra o premiê Abhisit, a quem culpam de ter chegado ao poder por meio de manipulações da Justiça, e pediam sua renúncia. A violência aumentou na última quinta, quando um ex-general do Exército, que teria criado força paramilitar para os "camisas vermelhas", foi atingido por tiro na cabeça -ele morreu quatro dias depois.
Desde então, 51 pessoas foram mortas em confrontos entre militares e manifestantes. A Embaixada do Brasil em Bancoc reforçou a recomendação para que sejam evitadas viagens ao país. Comunicado do órgão diz que residentes de Bancoc devem estocar alimentos e água, além de dinheiro vivo -há relatos de caixas eletrônicos sendo arrombados.

Com agências internacionais

Italiano morto em Bancoc trabalhou no Brasil

www.folha.com.br/101395



Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Análise: Crise vai muito além de vermelho e amarelo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.