São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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ÁFRICA

Bush promete US$ 500 mi contra a Aids

DA REUTERS

O presidente dos EUA, George W. Bush, prometeu ontem US$ 500 milhões para ajudar a combater a Aids na África e no Caribe.
O dinheiro seria direcionado à prevenção da transmissão do HIV de mãe para filho, fornecendo medicamentos a mulheres grávidas e contratando profissionais da área médica para prestar auxílio a programas de hospitais.
Um funcionário do governo dos EUA envolvido no plano disse que, após cinco anos, o programa pode salvar as vidas de cerca de 145 mil bebês por ano.
Cerca de 95% das 40 milhões de pessoas infectadas pelo HIV e/ou doentes de Aids vivem em países em desenvolvimento, especialmente na África subsaariana.
"A devastação global do HIV e da Aids atordoa a imaginação e choca a consciência", afirmou Bush na Casa Branca.
A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo da parte do governo para melhorar a imagem dos EUA enquanto o país combate a "guerra contra o terrorismo".
O presidente deve apresentar o pacote contra a Aids na cúpula do G8 (os sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia) no Canadá, onde líderes devem debater formas de fornecer mais auxílio a países pobres.
Após citar estatísticas segundo as quais um terço dos adultos em partes da África estão infectados pelo HIV, Bush disse: "As vidas desperdiçadas por trás desses números são um apelo por ação a todas as pessoas no planeta".
O plano começaria com US$ 200 milhões já aprovados pelo Senado como parte de um projeto de lei de gastos de emergência. Os outros US$ 300 milhões seriam pedidos para o ano fiscal de 2004. O dinheiro irá para 12 países africanos e dois caribenhos onde a Aids se espalha rapidamente.
O governo diz que já gasta quase US$ 1 bilhão por ano para apoiar esforços internacionais para combater a Aids, que mata mais de 5.000 africanos por dia.
O plano de Bush representa um passo "eminentemente razoável", mesmo que "muito modesto", no combate à epidemia global de Aids, afirmou Nils Daulaire, presidente do Conselho de Saúde Global, um grupo internacional de defesa do direito à saúde.
O foco na transmissão do HIV de mãe para filho permite que os EUA tenham um forte impacto, já que esse tipo de transmissão pode ser evitada com tratamentos relativamente simples, disse Daulaire.
Segundo ele, a estratégia também permite que o governo evite questões políticas sensíveis que circundam esforços para evitar a transmissão do HIV por contatos sexuais entre adultos. Mas o fato de que 90% das infecções por HIV ocorrem dessa forma pede um esforço muito mais amplo, afirmou.
"O esforço [de Bush" pode atingir o âmago emocional do problema", disse. "Mas pode não atingir o âmago real do problema."
Segundo o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, é preciso entre US$ 7 bilhões e US$ 10 bilhões por ano para combater a Aids com eficácia. Annan defendia a criação de um fundo internacional, que passou a existir no ano passado, mas até agora o total do dinheiro prometido é de só US$ 2 bilhões.



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