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Extração artesanal é tradição na Amazônia
de Paris
Embora seja usado em uma indústria sofisticada, o óleo de
pau-rosa é produzido de maneira
artesanal dentro da Amazônia.
"É um processo que começa
com a identificação da árvore na
mata e vai até a fabricação do óleo
em destilarias flutuantes nos rios
Negro e Tapajós", conta o botânico Milton Hélio Lima.
Em geral, os chamados "mateiros" entram na floresta e identificam as árvores a serem derrubadas. São usadas para a produção
do óleo árvores adultas, isto é, com
cerca de 40 anos de idade.
Uma árvore tem, em média, 20
metros de altura. A circunferência
do tronco varia entre 65 e 160 centímetros.
De acordo com um estudo da
FAO (Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação), chegam a ser abatidas
árvores cujos troncos têm apenas
15 cm de diâmetro e que, portanto,
não atingiram a idade adulta.
"O pau-rosa fica disperso, isolado no meio de outras espécies.
Muitas vezes, ele é identificado pelo forte cheiro que exala", disse o
botânico.
O processo
Depois de marcada, a árvore é
derrubada e tem seu tronco transportado até moinhos, geralmente
localizados nas beiras dos rios, onde ele é cortado em pequenos pedaços. "É como um pó, só que
mais espesso", disse Lima.
O processo de produção do óleo
de pau-rosa é semelhante ao de fabricação da aguardente. "O pó é
jogado em uma panela grande,
que recebe vapor a partir de uma
caldeira."
Na panela existe um orifício por
onde saem o vapor e o óleo misturados. Os dois passam por um resfriador, em que eles se separam
porque têm densidades diferentes.
"O óleo é mais leve, então fica sobre a água."
De acordo com Lima, para produzir um quilo de óleo é preciso ter
uma quantidade de madeira dez
vezes superior. Um quilo de óleo
sai do Brasil por cerca US$ 23.
Normalmente, essas destilarias
são clandestinas e pertencem a
pessoas da própria Amazônia. "É
uma tradição que passa de pai para
filho", disse José Leland, coordenador de operações de fiscalização
do Ibama em Manaus (AM).
Diminuição
Leland afirma que no Estado do
Amazonas existem poucas destilarias -"umas três ou quatro"- e
que a exploração do óleo de
pau-rosa é uma atividade econômica que vem diminuindo nos últimos anos.
Os dados do World Conservation Monitoring Centre confirmam a afirmação de Leland: o órgão estima que em 1980 foram
produzidos cerca de 15 toneladas
de óleo contra 5 toneladas em
1995. A entidade atribui a queda à
devastação.
Se o processo de produção do
óleo é conhecido, não se sabe direito como ele deixa o país. "O
mercado é certo, mas não se sabe
se o produto deixa o país por
avião, trem ou navio", disse Lima.
(MA)
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