São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2010

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Prática só acabará sob pressão, diz cineasta

DE SÃO PAULO

Baseado em fatos reais, o filme "O Apedrejamento de Soraya M." conta a história de uma iraniana apedrejada à morte ao ser acusada falsamente pelo marido, que lhe exigia o divórcio. O trailer ilustra o abaixo-assinado por Sakineh, que é endossado pelo diretor, o iraniano-americano Cyrus Nowrasteh, 53. De Los Angeles, ele disse que não teme estigmatizar o Irã por uma prática já relativamente rara. "Por anos as pessoas disseram "ah, isso não ocorre tanto". Mas eu digo que é por isso que a prática continua." (GM)

Folha - O filme traz cenas fortes. Você não teme estigmatizar o Irã por algo raro?
Cyrus Nowrasteh
- O único meio de acabar com o problema é chamando a atenção. Inclusive, os números de que você fala, que seriam baixos, não são confiáveis. Não sabemos quantos são. E o que sinto é que um já é demais.
Por anos as pessoas disseram "ah, isso não ocorre tanto" ou "não falemos disso porque os iranianos ficarão mal". E digo que é por isso que a prática continua. Eu vi a realidade, múltiplas lapidações, e todas são bem piores que aquela do meu filme.
Ele é baseado numa história real, revelada por um jornalista franco-iraniano, e só a descrição dele da cena é bem pior que o filme. Eu senti responsabilidade para com as vítimas. É com isso que me importo, com as vítimas. Não me importo com quem diz "ah, isso vai deixar a imagem dos iranianos mal".

Você conhece os grupos políticos ligados ao movimento?
Não sou afiliado a nenhum grupo político iraniano, mas não implico com quem tenta mudar as coisas no Irã, porque elas precisam mudar.

Qual é a importância de elevar a pressão sobre Teerã?
Sou a favor de qualquer tipo de pressão sobre um governo cujas leis do Código Penal permitem que uma mulher seja apedrejada à morte. É criminoso.


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