São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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TCHETCHÊNIA

Causa do acidente ainda é incerta, mas ele pode pode ter sido provocado por ação de separatistas tchetchenos

Queda de helicóptero da Rússia mata 85

DA REDAÇÃO

Um helicóptero russo Mi-26, de transporte de tropas, caiu na separatista Tchetchênia (sul da Rússia). O número final de mortos era incerto até o fechamento desta edição. As autoridades russas afirmavam que, das 132 pessoas a bordo, 85 morreram e ao menos 32 foram hospitalizadas e deveriam sobreviver. Muitos feridos estavam sendo atendidos no local.
Também permanecia incerto se o helicóptero fora derrubado pelos separatistas tchetchenos ou se caíra por problemas mecânicos.
Rebeldes muçulmanos querem implantar uma república islâmica na Tchetchênia, que fica na montanhosa região do Cáucaso e dá passagem para importantes oleodutos vindos do mar Cáspio.
A queda ocorreu em Shankalá, perto da capital tchetchena, Grozni. O fogo e a fumaça no local estavam atrapalhando os esforços para determinar o número de mortos e a causa da tragédia. Entre os soldados havia um número indeterminado com "feridas e traumatismos graves", disseram os militares que participam das operações de socorro.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Ivanov, expressou as condolências às famílias. Ele negou que o desastre tenha alguma ligação com os separatistas.
Entretanto relatos a jornalistas ocidentais na região afirmavam que uma ação dos separatistas era muito provável.
As autoridades entraram em contradição em diversos momentos ao explicar o ocorrido. Segundo Sergei Frindinsky, vice-procurador-geral russo, a aeronave caiu sobre um campo minado, o que não foi confirmado pelo coronel Boris Podoprigora, um dos comandantes das tropas da região.
Ainda segundo Podoprigora, o helicóptero podia estar superlotado, já que fora desenhado para transportar 82 pessoas. Um dos maiores helicópteros do mundo, o Mi-26 chega a pesar 56 toneladas, quando carregado.
Já a agência de notícias Interfax disse, citando fontes militares, que a queda se deu devido a um ataque dos rebeldes.
Alguns analistas afirmam que as ações dos rebeldes têm se intensificado nos últimos dias numa tentativa de fazer o governo reiniciar negociações de paz, suspensas desde o ano passado.
Um representante dos separatistas se encontrou com Ivan Rybkin em Genebra na semana passada. Rybkin foi chefe do Conselho de Segurança da Rússia.

Histórico sangrento
Em 1994, iniciou-se uma guerra separatista na região. Depois de 21 meses, os soldados russos se retiraram. Em 1999, as tropas de Moscou voltaram ao território. Desde então, cerca de 13.500 rebeldes tchetchenos e mais de 4.300 militares russos morreram.
As organizações internacionais de defesa dos direitos humanos denunciam abusos cometidos pelos militares e pelos separatistas.
O governo afirma que o atual confronto na Tchetchênia continua em curso, pois grupos isolados de rebeldes continuam lutando. Os ataques desses separatistas são de pequeno porte, mas afetam muito o moral das tropas.
A maioria desses ataques tem como alvos soldados, autoridades civis e policiais que cooperam com a administração de Moscou.
Em setembro de 2001, dois generais e 11 militares de menor patente morreram quando o helicóptero em que estavam foi abatido por um míssil portátil logo depois de ter decolado de Grozni.
Outro helicóptero, um Mi-8, levando dois altos funcionários do Ministério do Interior e mais 12 pessoas, caiu em janeiro. O Kremlin afirma que foi um acidente, apesar de rumores de que teriam sido achados indícios de um míssil semelhante ao que derrubou a aeronave com os generais.
Moscou afirma que os rebeldes tchetchenos têm ligações com a Al Qaeda, a rede terrorista comandada por Osama bin Laden.


Com agências internacionais


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