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ÁFRICA
Corte islâmica confirma sentença, e pena é apedrejamento; ré vai recorrer
Nigéria condena adúltera à morte
DA REUTERS
Um tribunal islâmico no norte
da Nigéria rejeitou ontem o apelo
de uma mulher condenada por
ter tido uma filha fora do casamento e confirmou a sentença de
morte por apedrejamento.
O juiz afirmou que o apedrejamento não ocorrerá até que Amina Lawal Kurami, 31, pare de
amamentar sua filha de oito meses -o que pode levar dois anos.
Com o bebê em seus braços,
Kurami permaneceu calma após
o anúncio do veredicto e foi rapidamente levada para fora do tribunal por seus advogados.
"Nós confirmamos o julgamento da corte islâmica de Bakori que
decretou que você deveria ser
condenada à morte por apedrejamento", disse o presidente do tribunal, Abdullahi Aliyu Katsina. A
audiência, majoritariamente
masculina, gritou "Deus é grande" ao ouvir o veredicto.
A decisão, que foi criticada por
grupos de defesa do direitos humanos, como a Anistia Internacional, pode alimentar a violência
no norte do país.
Kurami foi condenada à morte
em março por um tribunal no Estado de Katsina, que, como outros
no norte do país, adotou a lei muçulmana, ou sharia. Em junho,
um tribunal de apelações em Funtua concedeu-lhe o direito de
amamentar a filha por dois anos.
Kurami é a segunda mulher a
ser condenada à morte por apedrejamento desde 2000, quando o
primeiro de mais de uma dezena
de Estados nigerianos adotou o rígido código de leis islâmico.
Em março, um tribunal de apelações anulou uma sentença semelhante no caso de Safyia Hussaini Tungar-Tudu e a absolveu
após apelos internacionais por
clemência liderados pela Europa.
A introdução da sharia no norte
da Nigéria, onde mais de 3.000
pessoas morreram em conflitos
entre muçulmanos e cristãos nos
últimos três anos, também é alvo
de críticas internas. "A sharia
equivale à discriminação contra
pessoas do norte, já que leis tão
draconianas quanto essas não
existem no resto do país", afirmou o líder cristão Samuel Num.
Os juízes disseram ter baseado
sua decisão na "confissão de adultério" por Kurami, que é divorciada, no julgamento de Bakori.
Os advogados de defesa de Kurami disseram imediatamente
que iriam apelar da sentença.
"Não estamos satisfeitos com o
julgamento e vamos apelar", disse
o advogado Aliyu Musa Yauri.
Cerca de 50% dos 120 milhões
de nigerianos são muçulmanos, e
cerca de 50% são cristãos.
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