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Para Chávez, jornalistas "provocaram agressão"
Presidente diz que agredidos faziam atividades políticas
DA REDAÇÃO
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, disse anteontem
que os jornalistas agredidos na
semana passada por um grupo
de manifestantes chavistas
"provocaram" o ataque sofrido.
"[Eles] não estavam fazendo
o trabalho de jornalistas, estavam em uma marcha contra a
nova lei de educação, distribuindo panfletos e fazendo atividade proselitista. (...) Segundo tenho entendido -e há provas-, estavam provocando a
gente do povo que estava por
ali", disse o presidente, em entrevista à TV estatal.
Doze jornalistas do diário
"Últimas Notícias" foram agredidos a pauladas, no dia 13, enquanto distribuíam panfletos
de oposição ao artigo 50 da nova Lei Orgânica da Educação
(LOE), que, segundo opinam,
fere a liberdade de expressão.
Um dos jornalistas sofreu politraumatismo.
Em um de seus artigos mais
polêmicos, a LOE, aprovada no
dia 14, obriga os meios de comunicação a "conceder espaços que materializem os fins da
educação" e os proíbe de publicar notícias "que produzam
terror nas crianças, incitem o
ódio e atentem contra os valores sãos do povo venezuelano e
contra a saúde mental e física
da população".
O sindicato venezuelano de
trabalhadores da imprensa respondeu ontem com um "alerta
à opinião pública sobre a evidente intenção de meios e grupos governistas de deformar a
realidade dos fatos da quinta
passada, quando 12 jornalistas
ficaram feridos nas mãos de
exaltados que não ocultaram a
identificação com o chamado
processo revolucionário".
Anteontem, autoridades venezuelanas haviam prendido
um dos suspeitos das agressões,
o que motivou elogio da ONG
Repórteres Sem Fronteiras.
A lei da educação -também
criticada pela Igreja Católica,
pela oposição e por reitores
universitários-, que prevê aumento da influência estatal em
vários aspectos da educação, foi
aprovada na semana passada
pela Assembleia Legislativa venezuelana, alinhada a Chávez, e
promulgada no domingo pelo
presidente. Alguns pontos terão de ser regulamentados por
leis complementares.
Outro ponto polêmico da
LOE é a redução da autonomia
de universidades federais sobre
admissões e processos eleitorais internos. Chávez defende
que não reconhece "a autoridade universitária que não surja
de um processo legítimo".
A oposição venezuelana se
declarou "em desacato" à lei e
convocou para sábado um protesto em Caracas.
Com agências internacionais
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