São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Chávez, jornalistas "provocaram agressão"

Presidente diz que agredidos faziam atividades políticas

DA REDAÇÃO

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse anteontem que os jornalistas agredidos na semana passada por um grupo de manifestantes chavistas "provocaram" o ataque sofrido.
"[Eles] não estavam fazendo o trabalho de jornalistas, estavam em uma marcha contra a nova lei de educação, distribuindo panfletos e fazendo atividade proselitista. (...) Segundo tenho entendido -e há provas-, estavam provocando a gente do povo que estava por ali", disse o presidente, em entrevista à TV estatal.
Doze jornalistas do diário "Últimas Notícias" foram agredidos a pauladas, no dia 13, enquanto distribuíam panfletos de oposição ao artigo 50 da nova Lei Orgânica da Educação (LOE), que, segundo opinam, fere a liberdade de expressão. Um dos jornalistas sofreu politraumatismo.
Em um de seus artigos mais polêmicos, a LOE, aprovada no dia 14, obriga os meios de comunicação a "conceder espaços que materializem os fins da educação" e os proíbe de publicar notícias "que produzam terror nas crianças, incitem o ódio e atentem contra os valores sãos do povo venezuelano e contra a saúde mental e física da população".
O sindicato venezuelano de trabalhadores da imprensa respondeu ontem com um "alerta à opinião pública sobre a evidente intenção de meios e grupos governistas de deformar a realidade dos fatos da quinta passada, quando 12 jornalistas ficaram feridos nas mãos de exaltados que não ocultaram a identificação com o chamado processo revolucionário".
Anteontem, autoridades venezuelanas haviam prendido um dos suspeitos das agressões, o que motivou elogio da ONG Repórteres Sem Fronteiras.
A lei da educação -também criticada pela Igreja Católica, pela oposição e por reitores universitários-, que prevê aumento da influência estatal em vários aspectos da educação, foi aprovada na semana passada pela Assembleia Legislativa venezuelana, alinhada a Chávez, e promulgada no domingo pelo presidente. Alguns pontos terão de ser regulamentados por leis complementares.
Outro ponto polêmico da LOE é a redução da autonomia de universidades federais sobre admissões e processos eleitorais internos. Chávez defende que não reconhece "a autoridade universitária que não surja de um processo legítimo".
A oposição venezuelana se declarou "em desacato" à lei e convocou para sábado um protesto em Caracas.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Sentença de tragédia em boate revolta argentinos
Próximo Texto: Imprensa americana: Morre Don Hewitt, criador do programa de TV "60 Minutes"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.