São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2011

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Ativista sai da prisão e segue com jejum

Manifestante indiano foi acompanhado por multidão até praça da capital onde manterá greve de fome por 15 dias

Médico do Anna Hazare, 74 anos, diz que seu corpo suporta até nove dias sem comida e que ele tem aptidão para o jejum

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Depois de três dias detido, o ativista indiano Anna Hazare foi recebido por uma multidão e uma chuva de pétalas ao deixar a prisão de Tihar, em Nova Déli, ontem.
Três quilos mais magro -pela greve de fome já iniciada enquanto esteve preso-, ele seguiu, em carro aberto e acompanhado de milhares de pessoas, pelas ruas da capital indiana em direção ao parque Ramlila Grounds, onde continuará seu jejum para aprovar uma lei contra a corrupção no país. Nem a chuva atrapalhou a manifestação.
Durante a sua carreata, Hazare, considerado por muitos o "novo Gandhi", fez uma parada estratégica no memorial Raj Ghat, dedicado ao líder indiano, para homenageá-lo.
"Essa é uma nova revolução. Esta é a nova luta por liberdade", disse o ativista, diante de um enorme retrato de Mahatma Gandhi (1869-1948). "Nós acendemos a chama de uma revolução. Não a deixem apagar agora", pediu à multidão de apoiadores.
Hazare foi preso na última terça-feira, com cerca de 1.200 manifestantes, quando se preparava para começar sua greve de fome diante das câmeras de TV e cercado por apoiadores.
A prisão foi justificada pela polícia de Nova Déli com base em dois artigos do Código Processual Penal do país. O primeiro deles, o 107, versa sobre o que deve ser feito com quem ameaça a paz e a tranquilidade em uma região.
A prisão, por sua vez, está prevista no artigo 151, se o policial perceber a "intenção" de um indivíduo cometer um delito. A pessoa, no entanto, não pode ficar detida por mais de 24 horas.
No caso de Hazare, ele teve sua liberdade concedida no dia seguinte à prisão, mas não quis deixar a cadeia enquanto não tivesse o direito de jejuar em um local público. Em um acordo com a polícia, Hazare obteve a permissão de manter a greve de fome por 15 dias.

RESISTÊNCIA
Apesar da aparência fragilizada ao sair da prisão, o médico Sayyad Rafique Gafoor, que cuida da saúde de Hazare desde 1983, garantiu à imprensa indiana que o ativista de 74 anos consegue suportar até nove dias sem comer.
"O corpo dele está acostumado com os jejuns", disse Gafoor, acrescentando que o seguidor de Gandhi tem uma "capacidade inata" de ficar sem comer.
Além disso, o ativista será acompanhado, nos próximos dias, por uma equipe de 36 médicos, que vão monitorar suas condições de saúde.
Segundo o "Indian Express", nos últimos 30 anos, Hazare fez greve de fome 15 vezes, totalizando um jejum de 113 dias, para pressionar o governo sobre temas que vão desde a corrupção a subsídios a fazendeiros.
Desta vez, o ativista quer a aprovação da lei Lokpal, que prevê a criação de uma corte para casos de corrupção.


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