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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Resolução da Assembléia Geral é aprovada por 133 votos a 4, sem prever sanções; para Israel, "não significa nada"

ONU pede que Israel pare de ameaçar Arafat

DA REDAÇÃO

A Assembléia Geral da ONU aprovou ontem uma resolução proposta pelos países árabes que pede que Israel pare de ameaçar Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina.
A resolução -que já havia sido proposta ao Conselho de Segurança (CS) da ONU, mas fora vetada pelos EUA- foi aprovada com 133 votos a favor e 4 contra (EUA, Israel, ilhas Marshall e Micronésia). O Brasil votou a favor.
Houve abstenções, entre elas as da Austrália, do Canadá, da Colômbia, do Peru e do Paraguai.
Os países árabes costumam recorrer à Assembléia Geral da ONU, onde tradicionalmente conseguem reunir apoio, sempre que uma resolução contrária a Israel não progride no CS devido ao direito de veto dos EUA. Há, no entanto, significativa diferença entre resoluções aprovadas pelo CS e pela Assembléia da ONU.
Uma resolução do CS pode resultar em sanções contra o país citado caso não seja cumprida, embora nem sempre isso aconteça. Integram o CS cinco membros permanentes -EUA, Rússia, China, França e Reino Unido-, com poder de veto, e dez membros provisórios.
Já uma resolução da Assembléia, onde não há direito a veto, reflete a opinião da maioria dos 191 países-membros, mas, se desrespeitada, não prevê punição.
"A resolução não significa nada", disse Raanan Gissin, porta-voz do premiê israelense, Ariel Sharon. Já o palestino Nabil Abu Rudeina, conselheiro de Arafat, qualificou-a como "uma bofetada para Israel e aqueles que o apóiam". "O voto da Assembléia expressa o apoio da maioria dos membros [da ONU] a Iasser Arafat e ao povo palestino", disse.
O texto pede que Israel "desista de qualquer medida de deportação e deixe de ameaçar a integridade" de Arafat.
Na semana passada, o governo israelense havia anunciado sua decisão de "remover" Arafat, já cercado por soldados israelenses em seu QG em Ramallah (Cisjordânia). Mas Israel não especificou como e quando faria isso. A decisão foi condenada por países de todo o mundo, inclusive os EUA.
Durante a negociação, os países da União Européia (UE), que votaram a favor da resolução, incluíram no texto uma condenação aos atentados palestinos contra Israel e um pedido expresso para que a Autoridade Palestina atue para impedir que eles aconteçam. O texto também apóia o plano de paz, patrocinado pelos EUA com apoio da UE, da Rússia e da ONU.
O embaixador dos EUA na ONU, John Negroponte, criticou a resolução por não conter uma condenação aos grupos terroristas Hamas, Jihad Islâmico e Brigadas dos Mártires de Al Aqsa.
"É particularmente desalentador que o modelo de condenar apenas Israel tenha voltado às Nações Unidas", disse. "Essa polarização mina nossos esforços esforços diplomáticos para obter avanços com as partes envolvidas."
O CS da ONU, com abstenção dos EUA, já adotou resoluções contra Israel, como a que exige que o país retire assentamentos dos territórios ocupados. Mas elas não previam sanções e não foram respeitadas por Israel.


Com agências internacionais

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