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ORIENTE MÉDIO
Resolução da Assembléia Geral é aprovada por 133 votos a 4, sem prever sanções; para Israel, "não significa nada"
ONU pede que Israel pare de ameaçar Arafat
DA REDAÇÃO
A Assembléia Geral da ONU
aprovou ontem uma resolução
proposta pelos países árabes que
pede que Israel pare de ameaçar
Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina.
A resolução -que já havia sido
proposta ao Conselho de Segurança (CS) da ONU, mas fora vetada pelos EUA- foi aprovada
com 133 votos a favor e 4 contra
(EUA, Israel, ilhas Marshall e Micronésia). O Brasil votou a favor.
Houve abstenções, entre elas as
da Austrália, do Canadá, da Colômbia, do Peru e do Paraguai.
Os países árabes costumam recorrer à Assembléia Geral da
ONU, onde tradicionalmente
conseguem reunir apoio, sempre
que uma resolução contrária a Israel não progride no CS devido ao
direito de veto dos EUA. Há, no
entanto, significativa diferença
entre resoluções aprovadas pelo
CS e pela Assembléia da ONU.
Uma resolução do CS pode resultar em sanções contra o país citado caso não seja cumprida, embora nem sempre isso aconteça.
Integram o CS cinco membros
permanentes -EUA, Rússia,
China, França e Reino Unido-,
com poder de veto, e dez membros provisórios.
Já uma resolução da Assembléia, onde não há direito a veto,
reflete a opinião da maioria dos
191 países-membros, mas, se desrespeitada, não prevê punição.
"A resolução não significa nada", disse Raanan Gissin, porta-voz do premiê israelense, Ariel
Sharon. Já o palestino Nabil Abu
Rudeina, conselheiro de Arafat,
qualificou-a como "uma bofetada
para Israel e aqueles que o
apóiam". "O voto da Assembléia
expressa o apoio da maioria dos
membros [da ONU] a Iasser Arafat e ao povo palestino", disse.
O texto pede que Israel "desista
de qualquer medida de deportação e deixe de ameaçar a integridade" de Arafat.
Na semana passada, o governo
israelense havia anunciado sua
decisão de "remover" Arafat, já
cercado por soldados israelenses
em seu QG em Ramallah (Cisjordânia). Mas Israel não especificou
como e quando faria isso. A decisão foi condenada por países de
todo o mundo, inclusive os EUA.
Durante a negociação, os países
da União Européia (UE), que votaram a favor da resolução, incluíram no texto uma condenação
aos atentados palestinos contra
Israel e um pedido expresso para
que a Autoridade Palestina atue
para impedir que eles aconteçam.
O texto também apóia o plano de
paz, patrocinado pelos EUA com
apoio da UE, da Rússia e da ONU.
O embaixador dos EUA na
ONU, John Negroponte, criticou
a resolução por não conter uma
condenação aos grupos terroristas Hamas, Jihad Islâmico e Brigadas dos Mártires de Al Aqsa.
"É particularmente desalentador que o modelo de condenar
apenas Israel tenha voltado às Nações Unidas", disse. "Essa polarização mina nossos esforços esforços diplomáticos para obter avanços com as partes envolvidas."
O CS da ONU, com abstenção
dos EUA, já adotou resoluções
contra Israel, como a que exige
que o país retire assentamentos
dos territórios ocupados. Mas elas
não previam sanções e não foram
respeitadas por Israel.
Com agências internacionais
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