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Ataque mata político anti-Síria no Líbano
Explosão de bomba em Beirute eleva tensão poucos dias antes de o Parlamento indicar o próximo presidente do país
Deputado Antoine Ghanem,
que integrava partido
cristão de direita, é o sétimo
líder anti-Síria assassinado
no país em dois anos
DA REDAÇÃO
A menos de uma semana da
eleição no Parlamento que indicará o próximo presidente do
Líbano, um carro-bomba matou ontem um deputado da
coalizão governista anti-Síria e
outras seis pessoas em Beirute.
O assassinato do cristão maronita Antoine Ghanem promete elevar a tensão entre os
governistas e a oposição pró-Síria, liderada pelo movimento
xiita Hizbollah, afetando ainda
a divisão de poder entre os 128
membros do Parlamento.
O legislador, do partido cristão de direita Falange, é ao menos o sétimo político e ativista
anti-Síria assassinado no Líbano desde o atentado de 14 de fevereiro de 2005, que matou o
então premiê Rafik Hariri, um
muçulmano sunita.
O ataque de ontem deixou 19
pessoas feridas. Ao menos seis
prédios ficaram danificados
quando uma bomba atingiu o
veículo de Ghanem por volta
das 17h15 (11h15 de Brasília) em
uma área residencial de maioria cristã em Sin el Fil, no leste
de Beirute. "O matador é um só,
o criminoso é só um só", disse
após a explosão Saad al Hariri,
filho de Rafik Hariri e líder da
coalizão parlamentar anti-Síria, em referência a Damasco. A
Síria negou participação e condenou o atentado.
Além de Ghanem e Rafik Hariri, o ministro da Indústria
Pierre Gemayel, 34, e o legislador Walid Eido, 65, ambos da
coalizão governista 14 de Março, morreram em atentados
nos últimos dois anos.
A coalizão, que teve papel-chave no movimento que culminou com a saída das tropas
sírias do Líbano em 2005
-após quase três décadas de
ocupação-, acusa Damasco de
envolvimento em todas as mortes. O governo sírio nega categoricamente ter participação
nos atentados.
Crise política
Há meses o grupo governista
vive um impasse com a oposição que deixou o governo à beira do colapso, especialmente
após a renúncia de seis ministros xiitas no final de 2006.
A crise política também se
complicou pela pressão do
Conselho de Segurança da
ONU pelo estabelecimento de
um tribunal internacional para
julgar os suspeitos pela morte
de Hariri -o que contraria a
oposição pró-Síria, já que Damasco é investigada.
Antes do assassinato de Ghanem ontem, havia 69 parlamentares na coalizão governista. Agora, os 68 restantes tentarão superar a tensão para firmar um acordo com a oposição
pró-Síria antes da votação parlamentar da terça-feira (25),
quando está prevista a eleição
do novo presidente do país.
O atentado ocorre pouco
mais de um mês após outra
eleição -na qual a oposição
conquistou a vaga que pertencia a Pierre Gemayel no Parlamento. O voto foi visto como sinal de queda do apoio à coalizão
governista. A oposição e os governistas têm manifestado desejo de firmar um acordo sobre
o candidato a presidente.
O principal candidato da
maioria governista é o ex-parlamentar Nassib Lahoud, enquanto o nome defendido pela
oposição é o do líder do maior
bloco cristão, Michel Aoun, um
ex-inimigo da Síria hoje aliado
ao Hizbollah. No Líbano, devido a uma divisão de cargos entre os vários grupos que compõem a população, o presidente
é sempre cristão maronita.
Apesar de contatos recentes,
teme-se que os dois grupos não
consigam entrar em acordo antes da eleição. Para o analista
político libanês Oussama Safa,
o atentado de ontem foi um
"aviso forte" para que a coalizão não tente eleger um presidente por maioria simples ou
contra a vontade da oposição.
Com agências internacionais
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