São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Ataque mata político anti-Síria no Líbano

Explosão de bomba em Beirute eleva tensão poucos dias antes de o Parlamento indicar o próximo presidente do país

Deputado Antoine Ghanem, que integrava partido cristão de direita, é o sétimo líder anti-Síria assassinado no país em dois anos

DA REDAÇÃO

A menos de uma semana da eleição no Parlamento que indicará o próximo presidente do Líbano, um carro-bomba matou ontem um deputado da coalizão governista anti-Síria e outras seis pessoas em Beirute.
O assassinato do cristão maronita Antoine Ghanem promete elevar a tensão entre os governistas e a oposição pró-Síria, liderada pelo movimento xiita Hizbollah, afetando ainda a divisão de poder entre os 128 membros do Parlamento.
O legislador, do partido cristão de direita Falange, é ao menos o sétimo político e ativista anti-Síria assassinado no Líbano desde o atentado de 14 de fevereiro de 2005, que matou o então premiê Rafik Hariri, um muçulmano sunita.
O ataque de ontem deixou 19 pessoas feridas. Ao menos seis prédios ficaram danificados quando uma bomba atingiu o veículo de Ghanem por volta das 17h15 (11h15 de Brasília) em uma área residencial de maioria cristã em Sin el Fil, no leste de Beirute. "O matador é um só, o criminoso é só um só", disse após a explosão Saad al Hariri, filho de Rafik Hariri e líder da coalizão parlamentar anti-Síria, em referência a Damasco. A Síria negou participação e condenou o atentado.
Além de Ghanem e Rafik Hariri, o ministro da Indústria Pierre Gemayel, 34, e o legislador Walid Eido, 65, ambos da coalizão governista 14 de Março, morreram em atentados nos últimos dois anos.
A coalizão, que teve papel-chave no movimento que culminou com a saída das tropas sírias do Líbano em 2005 -após quase três décadas de ocupação-, acusa Damasco de envolvimento em todas as mortes. O governo sírio nega categoricamente ter participação nos atentados.

Crise política
Há meses o grupo governista vive um impasse com a oposição que deixou o governo à beira do colapso, especialmente após a renúncia de seis ministros xiitas no final de 2006.
A crise política também se complicou pela pressão do Conselho de Segurança da ONU pelo estabelecimento de um tribunal internacional para julgar os suspeitos pela morte de Hariri -o que contraria a oposição pró-Síria, já que Damasco é investigada.
Antes do assassinato de Ghanem ontem, havia 69 parlamentares na coalizão governista. Agora, os 68 restantes tentarão superar a tensão para firmar um acordo com a oposição pró-Síria antes da votação parlamentar da terça-feira (25), quando está prevista a eleição do novo presidente do país.
O atentado ocorre pouco mais de um mês após outra eleição -na qual a oposição conquistou a vaga que pertencia a Pierre Gemayel no Parlamento. O voto foi visto como sinal de queda do apoio à coalizão governista. A oposição e os governistas têm manifestado desejo de firmar um acordo sobre o candidato a presidente.
O principal candidato da maioria governista é o ex-parlamentar Nassib Lahoud, enquanto o nome defendido pela oposição é o do líder do maior bloco cristão, Michel Aoun, um ex-inimigo da Síria hoje aliado ao Hizbollah. No Líbano, devido a uma divisão de cargos entre os vários grupos que compõem a população, o presidente é sempre cristão maronita.
Apesar de contatos recentes, teme-se que os dois grupos não consigam entrar em acordo antes da eleição. Para o analista político libanês Oussama Safa, o atentado de ontem foi um "aviso forte" para que a coalizão não tente eleger um presidente por maioria simples ou contra a vontade da oposição.


Com agências internacionais


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