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GUERRA
Relatório revela que 60% das mortes foram registradas no continente
Conflitos matam mais na África
JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES
Das 94 mil mortes em conflitos
armados em todo o mundo no último ano, 56 mil, ou cerca de 60%,
ocorreram na África negra. Dois
terços do continente africano estão em guerra.
O conflito mais cruel ainda
transcorre no República Democrática do Congo (RDC, ex-Zaire)
e deixou 27 mil mortos em um
ano. Ele já envolve seis outros países -Angola, Namíbia, Zimbábue, Ruanda, Burundi e Uganda.
A disputa entre Etiópia e Eritréia ocupa o segundo lugar no
trágico ranking africano, com 10
mil mortos somente em maio
passado. Em 99, o número chegara a 16 mil. Em Angola, cerca de
6.000 pessoas perderam a vida.
Em Serra Leoa, o total este ano é
de 3.000 mortes.
Os dados constam do relatório
"The Military Balance 2000-2001", publicado ontem pelo Instituto Internacional de Estudos
Estratégicos, sediado em Londres.
As estatísticas de 2000 compreendem de julho de 99 a agosto deste
ano. O relatório apresenta números de 170 países.
Na África, ocorreram 18 das 37
guerras de 2000. Esforços de paz
não têm avançado. "O plano de
longo prazo da ONU em Serra
Leoa ainda não está claro, e a sua
capacidade de contribuir para a
instável situação da RDC é questionável", avaliou ontem John
Chipman, diretor do IIEE, durante o lançamento da publicação.
O número de países em que há
ações terroristas saltou para 47 este ano, contra 26 no anterior. Mais
uma vez, o território africano foi o
mais atingido. O relatório diz que
há terrorismo em 14 Estados da
África negra, contra oito no ano
passado. Ações terroristas passaram a ocorrer em Costa do Marfim, Djibuti, Eritréia, Guiné, Guiné-Bissau e Zimbábue.
Mais guerras
No mundo, o número de guerras aumentou de 35 em 99 para 37
em 2000. Agora há mais conflitos
internos -28 em vez dos 24 registrados em 99- e menos internacionais -9 em vez de 11.
A razão para o aumento dos
conflitos internos foi a escalada da
violência na Tchechênia, em Serra
Leoa e nas Filipinas.
"A persistência de considerável
número de conflitos internos e
externos intensificou o debate sobre as condições certas para a intervenção militar e para o uso de
métodos de prevenção de conflitos e de manutenção da paz",
acrescentou Chipman.
Depois da África, a região que
compreende a Ásia Central e o sul
da Ásia responde por 19 mil, ou
20%, das mortes em cinco conflitos armados. A maior quantidade
de vítimas foi registrada no Afeganistão, onde mais de 10 mil pessoas morreram.
A guerra em Sri Lanka fez duas
vezes mais vítimas que no ano
passado, totalizando 8.000. Na
Tchechênia houve 5.000 mortes
no último ano.
No Oriente Médio e no Norte da
África, os seis conflitos armados
existentes tiraram a vida de 3.000
pessoas.
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