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IRAQUE SOB TUTELA
Vítima é européia casada com iraquiano e vive no país há 30 anos; rebeldes não fazem exigências
Líder de ONG humanitária é seqüestrada
DA REDAÇÃO
Insurgentes iraquianos seqüestraram ontem em Bagdá a diretora no país da Care International,
uma das maiores organizações
humanitárias do mundo.
A TV árabe Al Jazira exibiu um
vídeo em que Margaret Hassan
aparece com as mãos nas costas,
presumivelmente amarradas, e de
semblante tenso. A gravação não
tem áudio e o grupo de seqüestradores não se identificou nem
apresentou exigências.
Hassan tem pouco mais de 60
anos e nasceu em Dublin. Além
da irlandesa, ela tem as nacionalidades britânica e iraquiana. Hassan é casada com um iraquiano e
vive no país há 30 anos. Ela está na
Care International desde 1991.
"Queremos enfatizar que ela se
vê como uma iraquiana. O Iraque
é sua casa. Ela vive lá há muitos
anos e jamais consideraria retornar para o Reino Unido", disse
uma porta-voz da Care.
Hassan foi seqüestrada por volta das 7h30 (2h30 em Brasília),
quando saía de sua casa. A refém é
uma das agentes humanitárias
mais conhecidas de todo o Oriente Médio e é a pessoa mais proeminente a ser capturada na atual
onda de seqüestros. Desde abril,
mais de 150 estrangeiros foram
seqüestrados no Iraque. Pelo menos 35 foram assassinados.
No ano passado, Hassan havia
declarado em uma entrevista ao
diário "Atlanta Journal-Constitution" que não pensava em sair do
país. "É importante para a minha
equipe que eu fique com ela. A
força vem do apoio mútuo que
damos uns aos outros", afirmou.
Hassan comanda 60 pessoas
que administram programas de
nutrição, saúde e água potável. A
Care (cooperativa para transferências americanas para a Europa, em inglês) International foi
criada em 1945 nos EUA e está
presente em 72 países.
Em Amã (Jordânia), Astrid van
Genderen Stort, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para
Refugiados, fez uma crítica implícita às organizações não-governamentais. "Nós, a ONU, decidimos
no ano passado não manter uma
presença internacional porque
julgamos a situação muito perigosa para nós. O seqüestro das italianas e da iraquiana há pouco tempo [setembro] deveria ter alertado outros ainda mais quanto aos
perigos de operar no Iraque."
O seqüestro de Hassan acontece
menos de duas semanas após a
decapitação do britânico Kenneth
Bigley. A oposição da população
britânica à Guerra do Iraque é
uma das causas da queda da popularidade do premiê Tony Blair.
O governo britânico está avaliando no momento um pedido
feito pelos Estados Unidos para
que transfira parte dos seus 9.000
soldados que estão em uma região comparativamente calma no
sul do Iraque para zonas mais
problemáticas. "Somos muito
simpáticos a essa proposta",
adiantou o chanceler Jack Straw.
Em entrevista publicada ontem
no "USA Today", o secretário de
Estado americano, Colin Powell,
disse acreditar ainda ser possível a
realização das eleições legislativas
iraquianas em janeiro. "A chave é
segurança e a organização das
forças iraquianas, deixando-as
competentes, equipadas e capazes
de fazer o trabalho."
Pelo menos quatro soldados da
Guarda Nacional Iraquiana morreram ontem e mais de 80 ficaram
feridos após ataque com morteiros a uma base ao norte de Bagdá.
Na capital, um civil americano
morreu durante ataque a uma base dos EUA na região central da
cidade. Em Mossul (norte), dois
iraquianos morreram e três ficaram feridos em decorrência da
explosão de três carros-bombas.
Com agências internacionais
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