São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

A duas semanas do pleito, democrata não consegue capitalizar números contrários ao atual presidente

Rejeição a Kerry anula reprovação a Bush

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Grande parte da reprovação do eleitor americano à administração do presidente George W. Bush vem sendo compensada na atual eleição por um alto índice de rejeição ao seu opositor, o democrata John Kerry.
A duas semanas da eleição, a taxa de aprovação de Bush caiu para 44% e está hoje apenas sete pontos acima do nível da de seu pai, George Bush, quando o republicano perdeu a eleição para Bill Clinton, em 1992. O presidente, no entanto, permanece empatado com seu adversário em pesquisa publicada ontem pelo "New York Times". Os dois estão com 46%.
O levantamento revela que, apesar da taxa de aprovação perigosa para Bush às vésperas da votação, seu adversário não conseguiu capitalizar esse descontentamento.
Kerry é considerado liberal demais (ou esquerdista) por 56% dos eleitores. Outros 60% afirmam que o democrata diz apenas o que o eleitor quer ouvir, e não o que ele próprio acredita.
Embora Bush seja considerado conservador (ou direitista) demais por 66% dos eleitores, 59% afirmam que o presidente, ao contrário de seu opositor, diz apenas o que realmente acredita.
O conservadorismo atribuído a Bush também explica a razão pela qual sua candidatura não foi corroída pela impopularidade atual.
"Os EUA têm observado uma mudança geral do eleitorado para a direita, ou seja, para o espectro conservador, nos últimos anos", diz Larry Bartels, professor de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Princeton.
"Os eleitores hoje vêem os democratas muito à esquerda e os republicanos muito à direita, e a eleição vem sendo pautada por isso", afirma Bartels.
Na atual campanha, o racha ao meio no eleitorado é patente em questões como aborto, casamento gay e ações afirmativas.
Esse "neoconservadorismo" do eleitor seria maior em assuntos relacionados à economia e à política externa, onde os republicanos são avaliados como mais aptos.
"Nesta eleição, assuntos de política externa claramente importam mais do que em outras épocas", afirma Benjamin Page, do Departamento de Ciência Política da Universidade Northwestern.
Considerando a elevação da renda nos anos Bush (estatísticas indicam um aumento de até 7%), "a área econômica também está, claramente, trabalhando a favor do presidente", afirma Page.
Ontem, em campanha na Pensilvânia, Kerry voltou a responsabilizar o presidente pela escassez no país de vacinas contra a gripe, um tema que já havia abordado no último debate presidencial. Segundo o democrata, "não há chances" de alguém conseguir vacinar-se contra a gripe.
"Quero assegurar a todos que nosso governo está fazendo todo o possível para ajudar crianças e americanos idosos a tomar suas vacinas. Meu adversário adotou a velha tática de deixar os eleitores com medo", rebateu o presidente.
Funcionários da saúde disseram que em janeiro terão mais 2,6 milhões de doses da vacina -número insuficiente para repor 48 milhões de doses jogadas no lixo porque foram contaminadas durante a produção.


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