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ELEIÇÃO NOS EUA
A duas semanas do pleito, democrata não consegue capitalizar números contrários ao atual presidente
Rejeição a Kerry anula reprovação a Bush
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Grande parte da reprovação do
eleitor americano à administração do presidente George W.
Bush vem sendo compensada na
atual eleição por um alto índice de
rejeição ao seu opositor, o democrata John Kerry.
A duas semanas da eleição, a taxa de aprovação de Bush caiu para 44% e está hoje apenas sete
pontos acima do nível da de seu
pai, George Bush, quando o republicano perdeu a eleição para Bill
Clinton, em 1992. O presidente,
no entanto, permanece empatado
com seu adversário em pesquisa
publicada ontem pelo "New York
Times". Os dois estão com 46%.
O levantamento revela que, apesar da taxa de aprovação perigosa
para Bush às vésperas da votação,
seu adversário não conseguiu capitalizar esse descontentamento.
Kerry é considerado liberal demais (ou esquerdista) por 56%
dos eleitores. Outros 60% afirmam que o democrata diz apenas
o que o eleitor quer ouvir, e não o
que ele próprio acredita.
Embora Bush seja considerado
conservador (ou direitista) demais por 66% dos eleitores, 59%
afirmam que o presidente, ao
contrário de seu opositor, diz apenas o que realmente acredita.
O conservadorismo atribuído a
Bush também explica a razão pela
qual sua candidatura não foi corroída pela impopularidade atual.
"Os EUA têm observado uma
mudança geral do eleitorado para
a direita, ou seja, para o espectro
conservador, nos últimos anos",
diz Larry Bartels, professor de Assuntos Públicos e Internacionais
da Universidade de Princeton.
"Os eleitores hoje vêem os democratas muito à esquerda e os
republicanos muito à direita, e a
eleição vem sendo pautada por isso", afirma Bartels.
Na atual campanha, o racha ao
meio no eleitorado é patente em
questões como aborto, casamento gay e ações afirmativas.
Esse "neoconservadorismo" do
eleitor seria maior em assuntos
relacionados à economia e à política externa, onde os republicanos
são avaliados como mais aptos.
"Nesta eleição, assuntos de política externa claramente importam mais do que em outras épocas", afirma Benjamin Page, do
Departamento de Ciência Política
da Universidade Northwestern.
Considerando a elevação da
renda nos anos Bush (estatísticas
indicam um aumento de até 7%),
"a área econômica também está,
claramente, trabalhando a favor
do presidente", afirma Page.
Ontem, em campanha na Pensilvânia, Kerry voltou a responsabilizar o presidente pela escassez
no país de vacinas contra a gripe,
um tema que já havia abordado
no último debate presidencial. Segundo o democrata, "não há
chances" de alguém conseguir vacinar-se contra a gripe.
"Quero assegurar a todos que
nosso governo está fazendo todo
o possível para ajudar crianças e
americanos idosos a tomar suas
vacinas. Meu adversário adotou a
velha tática de deixar os eleitores
com medo", rebateu o presidente.
Funcionários da saúde disseram que em janeiro terão mais 2,6
milhões de doses da vacina -número insuficiente para repor 48
milhões de doses jogadas no lixo
porque foram contaminadas durante a produção.
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