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Escândalo sexual nos EUA envolve padre que estudou no Brasil
O maltês Anthony Mercieca conta que, na juventude, nadou nu com deputado republicano que renunciou por assédio a menores, mas nega abuso sexual
DA REDAÇÃO
O escândalo sexual que envolve o ex-deputado republicano Mark Foley, 52, forçado a renunciar em setembro após virem à tona e-mails eróticos que
enviava a adolescentes que trabalham no Congresso americano, ganhou ontem detalhes que
devem apimentar o caso.
Um padre que estudou no
Brasil negou ter tido relações
sexuais com o então coroinha
Foley, quando este tinha entre
12 e 13 anos. Mas admitiu um
relacionamento que pode ser
considerado "sexualmente inapropriado" -palavras dele-
com o ex-deputado.
Somado ao insucesso americano no Iraque, o caso já afetou
a imagem dos republicanos, às
vésperas das eleições de 7 de
novembro, que vão renovar o
Câmara e um terço do Senado.
Pesquisa do Pew Research
Center apontou ontem preferência de 51% para a oposição
democrata, contra 38% para os
republicanos.
O padre maltês Anthony
Mercieca, 69, hoje na diocese
da ilha de Gozo, em Malta, afirmou ao jornal da Flórida "Sarasota Herald Tribune" que conheceu Foley em 1966, na cidade de Lake Worth, Flórida, onde ambos moravam. Segundo o
sacerdote, eles foram amigos
por dois anos.
O padre, na época com 29
anos, diz que esteve sem roupa
com o então garoto em várias
ocasiões: nadando em lagos,
dormindo no mesmo quarto
em viagens. Também fez massagem em Foley com este despido. Em outra entrevista, ao
"Washington Post", ele se justificou: "No Brasil, eles nadam
sem roupa todo o tempo e ninguém fica escandalizado. É parte da cultura deles, é natural.
Ninguém dá importância a nadar sem roupa no parque."
Segundo o jornal da Flórida,
Mercieca afirmou que numa
noite, "sob efeito de medicamentos e muito álcool", houve
um incidente nebuloso em que
ele pode ter ido "longe demais"
-o religioso diz não se lembrar
de detalhes. "Mas não houve
relação sexual. Não houve estupro. Talvez leves apalpadas
aqui ou ali", disse.
"Tenho de confessar, eu estava num colapso nervoso. Estava tomando tranqüilizantes o
tempo todo. Eles afetaram um
pouco minha mente." Mercieca
diz que a saudade do Brasil gerou uma "grande depressão".
Segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Mercieca estudou em Fortaleza no início dos anos 60 e
foi da Diocese de Cajazeiras
(PB). Na diocese, o único religioso que conviveu com ele estava em viagem.
Apesar de admitir ter ensinado ao coroinha "algumas coisas
erradas" relacionadas a sexo,
Mercieca diz que, na época,
considerava sua relação com o
menino inocente. "Nós nos
amávamos como irmãos."
Quando os e-mails de Foley
aos ajudantes do Congresso, secundaristas maiores de 16 anos,
vieram à tona, ele disse ter sido
vítima de abuso sexual por parte de um padre, que não identificou. Pessoas próximas a sua
família confirmam que o religioso mencionado é Mercieca.
Um porta-voz da Procuradoria em West Palm Beach, na
Flórida, disse que recebeu da
defesa de Foley um e-mail, anteontem à noite, identificando
o suposto molestador, mas não
confirmou se era Mercieca. Foley não deu entrevistas ontem.
Segundo fontes ligadas à família, o ex-deputado discutiu o
suposto abuso diversas vezes,
mas a mãe de Foley se recusava
a acreditar que o padre tivesse
sido capaz de abusar do filho. A
família Foley era freqüentadora da igreja de Lake Worth. O
padre jantava em sua casa
constantemente. Mercieca
mostra mágoa. "Por que ele
quer me destruir na minha velhice? Era amigo dele e de sua
família. Aí se passam quase 40
anos sem ele dizer nada e, porque foi pego, fala essas coisas."
Após a publicação da entrevista pelo jornal da Flórida,
Mercieca afirmou à agência Associated Press que a reportagem era "exagerada". "Eles escreveram coisas que eu não disse. Disseram que tive sexo casual com ele. Não é verdade.
Nós confiávamos um no outro."
Sobre o escândalo, disse: "Não
acho que haja uma conexão entre nossa amizade e isso".
Com agências internacionais
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