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Justiça do Equador manda prender enviado do E-Vote
Responsável por consórcio brasileiro está foragido; computadores são examinados
Com 94,36% das urnas apuradas, direitista Alvaro Noboa tem 26,6% dos votos, e esquerdista Rafael Correa, 22,89%, segundo o TSE
DA REDAÇÃO
Um juiz da Província equatoriana de Guayas determinou a
detenção de Santiago Murray,
representante do consórcio
brasileiro E-vote no Equador,
que tumultuou as eleições no
país ao não entregar os resultados no prazo previsto. Murray,
que já havia sido proibido de
deixar o país, está foragido.
Ontem, um grupo de promotores e peritos começou a examinar 150 computadores e outros aparelhos usados no processo eleitoral e apreendidos
na véspera no escritório do E-vote por decisão judicial.
A Promotoria contratou seis
especialistas para analisar as
informações dos computadores e determinar se houve ou
não fraude durante o escrutínio
da votação do domingo.
"É preciso levar em conta
que a informação sobre a suposta fraude eletrônica não está no cérebro do senhor Murray, mas no cérebro dos computadores que foram apreendidos e que estão sob guarda policial", disse Washington Pesántez, promotor que pediu à Justiça a apreensão dos aparelhos
e a prisão de Murray.
Com 94,36% das urnas apuradas até o fechamento desta
edição, o empresário direitista
Alvaro Noboa obteve 26,6% dos
votos, contra 22,89% do esquerdista Rafael Correa, de
acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Esse
resultado se aproxima do indicado pela apuração parcial do
E-Vote, que divulgou seus números até pouco depois da contagem de 72% dos votos, quando o TSE anunciou o rompimento do contrato.
O resultado final oficial pode
sair neste fim de semana. O segundo turno está previsto para
26 de novembro.
O E-Vote, formado pelas empresas Probank e Via Telecom,
foi contratado pelo TSE por
US$ 5,2 milhões para fazer a
contagem rápida, em paralelo à
apuração oficial, mais lenta.
Basicamente, digitalizaria atas
eleitorais, transmitira dados e
somaria votos. Sob a promessa
de entregar os números para
presidente três horas após fechadas as urnas e os do Congresso após cinco, já havia recebido metade do pagamento.
Porém o sistema de transmissão entrou em colapso n
anoite de domingo, com a apuração presidencial em pouco
mais de 70% e a legislativa no
zero. O contrato foi cancelado
pelo TSE na manhã seguinte.
Pressão sobre o TSE
O consórcio diz que a responsabilidade pelos problemas
com a apuração é do TSE, que
forneceu um modelo de ata não
compatível com o sistema implantado. Seus representantes
disseram que continuariam
trabalhando na apuração e que
estudam entrar com uma ação
judicial contra o TSE pelos supostos prejuízos sofridos.
A Procuradoria-Geral e a
Controladoria-Geral do Equador também responsabilizaram o TSE pelos problemas,
afirmando que o contrato não
seguiu os trâmites legais.
Sob crescente pressão, o presidente do TSE, Xavier Cazar,
reconheceu que houve "uma falha" na entrega dos resultados
preliminares, mas prometeu
"toda a transparência no segundo turno".
O fiasco alimentou as acusações de Correa de que houve
fraude para impedir sua vitória
no primeiro turno das eleições,
em um "conluio" entre seu adversário Noboa e o consórcio
brasileiro, que teria subcontratado empresas ligados ao Partido Social-Cristão, de direita.
No Brasil, a Probank e a Via
Telecom foram contratadas para dar suporte técnico na operação das urnas eletrônicas e a
transmissão dos votos apurados nas eleições deste ano.
Chávez
Ao dar início à sua campanha
para o segundo turno, Correa
mudou de discurso. Aliado de
Hugo Chávez, o candidato afirmou que estaria disposto a
romper com o presidente venezuelano caso ele se intrometa
em assuntos internos do país.
"Acabou a amizade com o primeiro que se intrometer no
Equador. Nem Chávez nem
Bush nos dirão o que fazer."
Com agências internacionais
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