São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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Justiça do Equador manda prender enviado do E-Vote

Responsável por consórcio brasileiro está foragido; computadores são examinados

Com 94,36% das urnas apuradas, direitista Alvaro Noboa tem 26,6% dos votos, e esquerdista Rafael Correa, 22,89%, segundo o TSE

DA REDAÇÃO

Um juiz da Província equatoriana de Guayas determinou a detenção de Santiago Murray, representante do consórcio brasileiro E-vote no Equador, que tumultuou as eleições no país ao não entregar os resultados no prazo previsto. Murray, que já havia sido proibido de deixar o país, está foragido.
Ontem, um grupo de promotores e peritos começou a examinar 150 computadores e outros aparelhos usados no processo eleitoral e apreendidos na véspera no escritório do E-vote por decisão judicial.
A Promotoria contratou seis especialistas para analisar as informações dos computadores e determinar se houve ou não fraude durante o escrutínio da votação do domingo.
"É preciso levar em conta que a informação sobre a suposta fraude eletrônica não está no cérebro do senhor Murray, mas no cérebro dos computadores que foram apreendidos e que estão sob guarda policial", disse Washington Pesántez, promotor que pediu à Justiça a apreensão dos aparelhos e a prisão de Murray.
Com 94,36% das urnas apuradas até o fechamento desta edição, o empresário direitista Alvaro Noboa obteve 26,6% dos votos, contra 22,89% do esquerdista Rafael Correa, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Esse resultado se aproxima do indicado pela apuração parcial do E-Vote, que divulgou seus números até pouco depois da contagem de 72% dos votos, quando o TSE anunciou o rompimento do contrato.
O resultado final oficial pode sair neste fim de semana. O segundo turno está previsto para 26 de novembro.
O E-Vote, formado pelas empresas Probank e Via Telecom, foi contratado pelo TSE por US$ 5,2 milhões para fazer a contagem rápida, em paralelo à apuração oficial, mais lenta. Basicamente, digitalizaria atas eleitorais, transmitira dados e somaria votos. Sob a promessa de entregar os números para presidente três horas após fechadas as urnas e os do Congresso após cinco, já havia recebido metade do pagamento.
Porém o sistema de transmissão entrou em colapso n anoite de domingo, com a apuração presidencial em pouco mais de 70% e a legislativa no zero. O contrato foi cancelado pelo TSE na manhã seguinte.

Pressão sobre o TSE
O consórcio diz que a responsabilidade pelos problemas com a apuração é do TSE, que forneceu um modelo de ata não compatível com o sistema implantado. Seus representantes disseram que continuariam trabalhando na apuração e que estudam entrar com uma ação judicial contra o TSE pelos supostos prejuízos sofridos.
A Procuradoria-Geral e a Controladoria-Geral do Equador também responsabilizaram o TSE pelos problemas, afirmando que o contrato não seguiu os trâmites legais.
Sob crescente pressão, o presidente do TSE, Xavier Cazar, reconheceu que houve "uma falha" na entrega dos resultados preliminares, mas prometeu "toda a transparência no segundo turno".
O fiasco alimentou as acusações de Correa de que houve fraude para impedir sua vitória no primeiro turno das eleições, em um "conluio" entre seu adversário Noboa e o consórcio brasileiro, que teria subcontratado empresas ligados ao Partido Social-Cristão, de direita.
No Brasil, a Probank e a Via Telecom foram contratadas para dar suporte técnico na operação das urnas eletrônicas e a transmissão dos votos apurados nas eleições deste ano.

Chávez
Ao dar início à sua campanha para o segundo turno, Correa mudou de discurso. Aliado de Hugo Chávez, o candidato afirmou que estaria disposto a romper com o presidente venezuelano caso ele se intrometa em assuntos internos do país. "Acabou a amizade com o primeiro que se intrometer no Equador. Nem Chávez nem Bush nos dirão o que fazer."


Com agências internacionais

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