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Nação do Islã, todos são irmãos e (quase) ninguém é branco
DO ENVIADO A CHICAGO
Entrar numa cerimônia da
Nação do Islã é penetrar um
universo até agora fechado, um
lugar em que todos se tratam
como "irmãos" e "irmãs" e
(quase) ninguém é branco.
Pela conta da Folha, na tarde
ensolarada e fria de ontem,
descontada a orquestra, das
cerca de mil pessoas que lotavam a mesquita Maryam, seis
eram brancas -delas, três da
imprensa.
O evento de ontem é parte de
uma iniciativa maior lançada
por Louis Farrakhan, de abrir
aos poucos o movimento aos
não-negros, a fatia da população que no início da Nação, na
década de 1930, era considerada "descendente do mal" -há
que se levar em conta que essa
pesada retórica era das poucas
armas que os negros contavam
então, no auge do segregacionismo.
Para tanto, convites foram
enviados a diversos líderes de
igrejas de maioria branca, asiática e latina, explica Abdul Arif
Muhammad, porta-voz informal do movimento.
Foi criado até o cargo de assessor para latinos, e Farrakhan tem permitido que brancos participem dos estudos periódicos promovidos pelo movimento, algo impensável na
era de Elijah Muhammad, que
nem sequer admitia brancos
nos templos.
O que foi reaberto ontem impressiona pela imponência,
plantado no meio de uma das
partes mais pobres de Chicago,
o South Side. Branco, com detalhes dourados e azuis, tem o
chão de mármore. Dentro, dominam homens de uniforme
azul escuro e gravata borboleta
e mulheres cobertas de branco
da cabeça aos pés.
Alguns levam quepes com as
iniciais F.O.I ("Fruit of Islam",
fruto do Islã, em inglês), indicando que fazem parte da unidade de segurança. Todos carregam nos ombros uma bandeira com o crescente.
Para entrar, o visitante passava na seqüência por um detetor de metais, uma revista nos
pertences e um "corredor polonês", em que dois "F.O.I." agachados apalpam as pernas dos
visitantes, outros dois o tronco
e os dois últimos checam braços e pescoço.
Sinais dos tempos, na cerimônia de ontem, pela primeira
vez, homens e mulheres sentavam-se misturados.
(SD)
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