São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Pentágono passa a aceitar militares gays

Orientação é repassada após liminar que suspendeu proibição de homossexuais assumidos no serviço militar

Os recrutas, no entanto, devem ser informados que a moratória pode ser revertida a qualquer momento pelo governo

16.set.2010-Alex Wong/France Presse
Ativistas protestam contra política "Don't ask, don't tell" durante reunião do Comitê de Serviços Armados do Senado

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Pentágono anunciou ontem que, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, está instruindo os recrutadores militares a aceitar inscrições de gays e bissexuais que desejam ingressar nas Forças Armadas do país.
A orientação foi adotada após liminar de uma juíza federal da Califórnia que, no último dia 12, suspendeu a aplicação da chamada política "don't ask, don't tell" (não pergunte, não conte), dizendo que ela é inconstitucional.
Em prática há 17 anos, a política proíbe que homossexuais assumidos sirvam nas Forças Armadas do país.
O Departamento de Justiça deve recorrer da decisão.
Mas, enquanto isso, o Pentágono tem orientado, desde o fim da semana passada, os líderes militares a aceitar inscrições de quem assume abertamente ser gay.
Porém, no momento da inscrição, os recrutas devem ser informados de que essa moratória pode ser revertida a qualquer momento.
"Se eles vão admitir que são gays e querem se alistar, iremos processar o alistamento, mas iremos dizer a eles que a situação legal pode mudar", disse o porta-voz do Comando de Recrutamento do Exército em Fort Knox (Kentucky), Douglas Smith.
Na prática, segundo ele, os recrutadores continuam sem perguntar a orientação sexual dos aplicantes.
A diferença agora é que qualquer pessoa que disser ser gay terá seu alistamento aceito e avaliado.

BATALHA
O governo do presidente Barack Obama está travando uma batalha jurídica para que a "don't ask, don't tell" seja temporariamente restabelecida, enquanto tenta levar adiante uma revogação mais deliberada da política no Congresso.
No mês passado, o Senado bloqueou o início do debate sobre as regras de defesa.
A disputa ocorre em um momento delicado para Obama e os membros de seu Partido Democrata no Congresso, que correm o risco de perder o apoio da comunidade gay -parcela importante do eleitorado- às vésperas das eleições legislativas de 2 de novembro.
Apesar da orientação aos recrutadores, grupos que defendem os direitos de homossexuais continuam pedindo para que os que já prestam serviço militar evitem revelar sua orientação sexual.
O temor é que eles sejam prejudicados no caso de a política voltar a ser aplicada.
O status incerto da lei tem causado muita confusão em uma instituição que, historicamente, discriminou gays.
Antes da política do "don't ask, don't tell", de 1993, as Forças Armadas americanas baniam completamente os homossexuais, que eram declarados como incompatíveis com o serviço militar.
No total, 29 países -incluindo Israel, Suécia, Canadá e Alemanha- permitem que gays assumidos sirvam militarmente.


Texto Anterior: FOLHA.com
Próximo Texto: Saiba mais: Veto tirou 13 mil pessoas das Forças Armadas
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.