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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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VISITA DE ESTADO

Em Londres, o presidente americano afirma que não recuará no Iraque e cobra paz no Oriente Médio

Bush diz que não teme "bando de criminosos"

DA REDAÇÃO

Em meio a protestos contra sua polêmica visita ao Reino Unido, o presidente dos EUA, George W. Bush, voltou ontem, em Londres, a defender sua política externa, afirmando que seu país não irá recuar por causa de um "bando de criminosos" no Iraque. Ele também exortou a ONU a defender as resoluções que aprova e, em tom duro, dirigido tanto a Israel quanto aos palestinos, pediu paz no Oriente Médio.
Em discurso de cerca de 45 minutos, Bush disse que as organizações internacionais têm de estar à altura dos desafios mundiais, "desde erguer Estados enfraquecidos até se opor à proliferação" de armas nucleares.
Mas, em resposta a críticas recorrentes no Reino Unido e em outros países, Bush enfatizou que, "como 11 presidentes antes de mim", ele estava comprometido com as instituições que os EUA e seus aliados ajudaram a formar. Bush também disse apoiar o multilateralismo, numa tentativa de rebater críticas de que seu governo toma decisões sozinho.
Mas o presidente disse que a credibilidade da ONU depende de sua habilidade para manter a palavra e "agir quando a ação for necessária". "Não basta encarar os perigos do mundo com resoluções. Devemos encarar esses perigos com determinação."
Como anunciado por assessores, Bush defendeu o uso da força como alternativa. "Em alguns casos, o uso comedido da força é tudo que nos protege de um mundo caótico dominado pela força."
No discurso, proferido em almoço no Palácio Whitehall para cerca de 400 especialistas em política externa e convidados, Bush referiu-se indiretamente à França e à Alemanha ao dizer que potências da Europa continental têm a obrigação de ajudar na segurança global, apesar da oposição à Guerra do Iraque.
"Porque os países europeus agora resolvem suas diferenças com negociação e consenso, algumas vezes há a presunção de que todo o mundo funciona da mesma forma."
"Além das fronteiras européias, num mundo onde a opressão e a violência são muito reais, a libertação ainda é um objetivo moral, e a liberdade e a segurança ainda precisam de defensores," disse o presidente americano.

Iraque
A respeito da Guerra do Iraque -principal foco das manifestações programadas contra ele em Londres-, Bush disse que havia duas opções: "manter ou quebrar nossa palavra". "O fracasso da democracia no Iraque jogará sua população de volta à miséria e entregará o país aos terroristas que querem nos destruir", disse, sob fortes aplausos.
"Não fracassaremos no Iraque", afirmou. O presidente, no entanto, evitou falar sobre o suposto arsenal de armas de destruição em massa do ex-ditador Saddam Hussein, a principal justificativa usada pelos EUA e pelo Reino Unido para invadir o Iraque.
O fato de as armas não terem sido encontradas até agora é um dos principais problemas políticos do premiê Tony Blair, acusado de ter exagerado a ameaça representada por Saddam.
Bush disse que a situação atual do Iraque é séria e que os ataques diários são realizados por estrangeiros infiltrados no país, embora generais norte-americanos atribuam a violência a insurgentes leais a Saddam.
No entanto, disse, "nós não avançamos por centenas de milhas até o coração do Iraque, pagamos um preço amargo em vidas e liberamos 25 milhões de pessoas apenas para recuar diante diante de um bando de criminosos e assassinos".
"Nações livres não conseguiram reconhecer, muito menos combater, o mal agressivo", disse, em alusão a Saddam.

Conflito israelo-palestino
Num esforço para mostrar que não vê apenas o lado israelense, Bush criticou a construção da barreira que separa o país da Cisjordânia. Ele exortou Israel a pôr fim à "humilhação diária" dos palestinos e a não prejudicar as negociações de paz erguendo "muros e cercas". Israel alega que a barreira é para prevenir ataques terroristas.
Para Bush, Israel deveria "congelar" a construção de novos assentamentos, política que tem o apoio explícito do premiê israelense, Ariel Sharon.
Os EUA também defendem a segurança de Israel, "que tem vivido à sombra da morte aleatória por tempo demais", disse Bush. Em crítica ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, disse que os palestinos "merecem líderes verdadeiros".


Com agências internacionais e "The New York Times"

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