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Suspeitos de roubar bebês na Argentina farão teste de DNA
Lei fornecerá instrumentos para a identificação de crianças que foram apropriadas pela ditadura militar
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O Congresso argentino aprovou anteontem uma lei que autoriza a Justiça a determinar
exames compulsórios de DNA
em casos de suspeita de crime
contra a humanidade.
O projeto era uma bandeira
da associação Avós da Praça de
Maio, que tem nos testes de
DNA um instrumento para
identificar crianças apropriadas pela última ditadura militar
argentina (1973-1986).
Até hoje, nove filhos de desaparecidos políticos foram identificados com testes de DNA. O
debate sobre o atrito que a
questão provoca entre direitos
pessoais e o direito à verdade
foi reaceso no Senado, que
aprovou o texto por 57 votos a
favor e um contra.
A tramitação do projeto foi
questionada pela líder opositora Elisa Carrió, que vê na iniciativa intenção do governo de
atingir a dona do Grupo Clarín,
Ernestina Herrera de Noble.
A empresária tem dois filhos
adotivos. As Avós da Praça de
Maio suspeitam que os pais
biológicos dos filhos de Herrera De Noble tenham sido vítimas da ditadura militar.
A lei, aprovada com o voto da
bancada governista, serviria
para obrigar os filhos de Herrera De Noble a confrontar seus
exames de DNA com os registros de todos os pais cujos filhos são procurados pelas Avós.
Principal conglomerado de
mídia argentino, o Clarín adota
desde 2008 tom crítico ao governo Cristina Kirchner, a
quem acusa de promover uma
série de ações para lesá-lo.
Investigações sobre o regime
militar indicam que, num de
seus principais centros de detenção em Buenos Aires, funcionava uma maternidade
clandestina. As presas políticas
que davam à luz na carceragem
foram assassinadas, e seus filhos, adotados ilegalmente por
militares ou simpatizantes.
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