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FIM DO "IMPÉRIO"
Após 442 de domínio português, região volta ao controle de Pequim sob fórmula "um país, dois sistemas"
Portugal devolve Macau a chineses
RODRIGO UCHÔA
especial para a Folha
O encrave de Macau voltou
ontem ao controle da China depois de 442 anos de domínio de
Lisboa e simbolizou o fim, tardio, do Império Português. A cerimônia de entrega transcorreu
ordeiramente, com a presença
do presidente chinês, Jiang Zemin, e do presidente de Portugal,
Jorge Sampaio, trocando cumprimentos e discursos.
"O governo chinês e seu povo
têm confiança e habilidade para
resolver a questão de Taiwan em
breve e realizar a completa reunificação da China", disse Jiang,
referindo-se à "Província rebelde" (leia texto ao lado).
Como Hong Kong, devolvida
pelos britânicos em 1997, Macau
volta ao controle de Pequim sob
a fórmula ""um país, dois sistemas". Conservará pelos próximos 50 anos o direito de eleger
uma assembléia e de continuar
capitalista. A principal fonte de
renda local hoje é o turismo, baseado nos cassinos da cidade.
Bastante chinês, o território
nunca deixou seu lado cultural
"aportuguesar-se" demais. Apesar da influência dos jesuítas
-observada nas ruínas das igrejas católicas-, a produção de
fogos de artifício, uma das maiores da Ásia, alimenta as tradicionais festas budistas.
"As festas lá são tipicamente
chinesas", diz Basílio Fagundes,
ex-diretor do Banco do Brasil em
Hong Kong. "Tomar um táxi na
cidade traz dificuldades para
quem não domina o cantonês
(dialeto do sul da China)."
A cidade não guardará muitas
boas lembranças de Portugal, diz
o jornal "Público", de Lisboa.
""Não há grandeza em Macau,
administrávamos sem ocupar e
sem influenciar", opina o diário.
As tropas lusas deixaram o território em 1975, na esteira da
descolonização que liberou as
colônias africanas. Àquela época, Portugal estava exaurido pelas guerras de independência e
muitos jovens emigravam, por
exemplo, para o Brasil, fugindo
do alistamento.
Não chegava também a ser
uma grande possessão para um
império que já dominou o Brasil,
por exemplo. Toda a área de Macau é equivalente a 12 parques do
Ibirapuera, em São Paulo.
A única corrente que realmente falava contra a volta para a
China o fazia por temer a repressão das liberdades individuais.
O caso da Fa Lun Gong levanta
o problema. Popular -afirma
ter 100 milhões de adeptos- a
seita foi colocada fora da lei. Em
Macau, seus protestos são reprimidos.
A seita mistura exercícios de
meditação e um ideário conservador, contrário ao rock e ao homossexualismo.
com agências internacionais
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