São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Uribe quer soltura "unilateral" dos 45 reféns

Um dia após anúncio de que Farc libertariam três reféns, colombiano exige ação "incondicional" que englobe todos os seqüestrados

Libertados já estariam se dirigindo à Venezuela; França se oferece para receber guerrilheiros soltos em troca humanitária

DA REDAÇÃO

Um dia após o anúncio de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) libertariam três reféns, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, afirmou que o grupo guerrilheiro deveria soltar todos os seus seqüestrados unilateral e incondicionalmente.
Sobre a decisão da guerrilha de libertá-los em "desagravo" a Hugo Chávez, desafeto de Uribe, o colombiano não se queixou: "Temos dito que qualquer libertação de maneira unilateral, incondicional, por consideração ao presidente da Venezuela, o governo colombiano a avaliaria como bem-vinda".
Na terça-feira, as Farc anunciaram, em mensagem enviada à agencia estatal cubana Prensa Latina, que poriam em liberdade Clara Rojas, seu filho Emmanuel, nascido no cativeiro há três anos (leia texto ao lado), e a ex-deputada Consuelo Rodríguez de Perdomo.
Rojas era assessora da campanha presidencial de Ingrid Betancourt e foi seqüestrada com ela em fevereiro de 2002. Perdomo era deputada quando foi seqüestrada, em 2001.
Para Uribe, as Farc não deveriam soltar apenas esses reféns, mas sim todos os 45 que a guerrilha busca trocar por 500 guerrilheiros presos.
Em resposta, o porta-voz das Farc Raúl Reyes afirmou, em texto enviado à agência Anncol, que todos os reféns seriam libertados "sem problemas" se Uribe renunciasse.
Álvaro Uribe afastou Chávez e a senadora colombiana de esquerda Piedad Córdoba da mediação das negociações com as Farc após o venezuelano contatar diretamente um militar colombiano. Ontem, Córdoba disse que um alto funcionário do governo colombiano ordenou que ela fosse morta. A senadora, que não citou o nome do funcionário, disse que o plano era matá-la na Venezuela.
A colombiana, que está nos EUA em busca de apoio político, diz que Bogotá não aprova que ela insista em participar das negociações pela troca humanitária. Segundo ela, na semana passada seu apartamento foi invadido e um computador e documentos, furtados.
O anúncio da libertação dos três reféns foi comemorado pelos familiares de outros seqüestrados. Fabrice Delloye, ex-marido de Ingrid Betancourt, disse ter recebido informações de Chávez de que a mensagem das Farc é autêntica. Segundo ele, os reféns já abandonaram o "perímetro de segurança" que cerca a guerrilha. "Cremos que se dirigem à Venezuela", disse ele à imprensa francesa.
Em sua declaração à rádio, Uribe voltou a rejeitar a desmilitarização de dois municípios, medida exigida pelas Farc para negociar a troca humanitária. Para o presidente, a desmilitarização solicitada "é um atropelo à cidadania".
Ontem, o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou que, se solicitado, o governo está disposto a colaborar com a Cruz Vermelha ou outros órgãos humanitários para facilitar a libertação dos três reféns. "As forças militares facilitarão a liberação de qualquer seqüestrado onde seja."

França
Ontem, o governo francês se ofereceu para receber os guerrilheiros que eventualmente forem soltos como parte do plano da troca humanitária.
Segundo o primeiro-ministro francês, François Fillon, em encontro recente Uribe lhe afirmou que gostaria que a França recebesse os guerrilheiros. "A França disse que estava disposta a fazê-lo, assim como outros países europeus e latino-americanos", disse Fillon a uma rádio. Ele não especificou quais as outras nações que receberiam os rebeldes.


Com agências internacionais


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