São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Executivo vence eleição na Coréia do Sul

O conservador Lee Myung-bak, suspeito de crime financeiro, ganhou por ampla margem prometendo revitalizar economia

Presidente eleito, da oposição, deve endurecer relações com a Coréia do Norte; baixo crescimento foi decisivo para a vitória

DA REDAÇÃO

Os sul-coreanos elegeram ontem Lee Myung-bak para a Presidência, pondo fim a uma década de hegemonia da centro-esquerda. As acusações de corrupção não detiveram o favoritismo do candidato do Grande Partido Nacional, conservador, eleito com promessas de dobrar a renda média dos cidadãos e endurecer as relações com a Coréia do Norte.
Lee, ex-executivo que já foi prefeito de Seul, iniciou seu 66º ano de vida ungido por uma vitória ampla. Ele teve 48,6% dos votos, contra 26,2% do segundo colocado, o candidato de centro-esquerda Chung Dong-young. Embora o comparecimento tenha sido baixo (62,9%), a grande diferença -maior registrada nos 20 anos de democracia- fortalece Lee.
Analistas estimavam que os escândalos recentes reduziriam a vantagem de Lee, mas a economia pesou mais para o eleitorado. "Eu sempre votei na esquerda, mas desta vez a questão econômica tornou-se o mais importante", disse o empresário Kim Sung-ki, 54.
Insatisfeito com a média de 4% de crescimento anual registrada na gestão de Roh Moo-hyun, o tigre asiático escolheu o ex-presidente da montadora Hyundai como governante. O recém-eleito prometeu diminuir a carga tributária das grandes companhias e simplificar as regulamentações, aumentando o consumo interno. Ele afirma ser capaz de elevar para 7% a taxa anual de crescimento, dobrar a renda per capita e tornar a Coréia do Sul uma das sete maiores economias globais.
Lee propõe também uma maior aproximação com o Japão e os Estados Unidos e a adoção de uma posição "pragmática" em relação ao regime comunista norte-coreano. As políticas de conciliação, que renderam ao então presidente Kim Dae-jung o prêmio Nobel da Paz em 2000, ainda não culminaram em um tratado de paz definitivo entre os países irmãos, oficialmente em "cessar-fogo" desde 1953.

"Rouba, mas faz"
Suspeito de uma fraude financeira que lesou milhares de investidores, Lee terá imunidade garantida pela Constituição caso seja empossado no dia 25 de fevereiro. Muitos dos seus eleitores são céticos quanto à integridade moral de Lee, mas louvam sua capacidade administrativa. O recém-eleito é apelidado de "trator" pela capacidade de fazer aprovar suas reformas políticas.
"Votei em Lee Myung-bak mesmo achando que ele é um pouco corrupto", disse o estudante Kim Cho-rong, 21. "Achei que alguém meio desonesto, mas competente, seria melhor para a nossa sociedade do que alguém que é inocente, mas incompetente."
Lee já admitiu responsabilidade por crimes menos graves, como inventar filhos para seus empregados para diminuir o imposto a ser pago. Ele é categórico, porém, ao negar envolvimento na fraude no mercado financeiro cometida pela administradora de fundos BBK.
Após a divulgação de um vídeo no qual ele afirma ter sido um dos fundadores da BBK, a Assembléia Nacional aprovou a indicação de um comitê para reabrir o caso. Segundo Lee, tudo não passa de intriga política da Assembléia, articulada por seus adversários. Caso ele seja indiciado antes de assumir o cargo, a eleição presidencial poderá ser anulada.


Com "New York Times" e agências internacionais


Texto Anterior: Bolívia: García Linera adverte contra separatismo
Próximo Texto: "Time" elege Putin personalidade do ano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.