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Executivo vence eleição na Coréia do Sul
O conservador Lee Myung-bak, suspeito de crime financeiro, ganhou por ampla margem prometendo revitalizar economia
Presidente eleito, da oposição, deve endurecer relações com a Coréia do Norte; baixo crescimento
foi decisivo para a vitória
DA REDAÇÃO
Os sul-coreanos elegeram
ontem Lee Myung-bak para a
Presidência, pondo fim a uma
década de hegemonia da centro-esquerda. As acusações de
corrupção não detiveram o favoritismo do candidato do
Grande Partido Nacional, conservador, eleito com promessas
de dobrar a renda média dos cidadãos e endurecer as relações
com a Coréia do Norte.
Lee, ex-executivo que já foi
prefeito de Seul, iniciou seu 66º
ano de vida ungido por uma vitória ampla. Ele teve 48,6% dos
votos, contra 26,2% do segundo
colocado, o candidato de centro-esquerda Chung Dong-young. Embora o comparecimento tenha sido baixo
(62,9%), a grande diferença
-maior registrada nos 20 anos
de democracia- fortalece Lee.
Analistas estimavam que os
escândalos recentes reduziriam a vantagem de Lee, mas a
economia pesou mais para o
eleitorado. "Eu sempre votei na
esquerda, mas desta vez a questão econômica tornou-se o
mais importante", disse o empresário Kim Sung-ki, 54.
Insatisfeito com a média de
4% de crescimento anual registrada na gestão de Roh Moo-hyun, o tigre asiático escolheu o
ex-presidente da montadora
Hyundai como governante. O
recém-eleito prometeu diminuir a carga tributária das grandes companhias e simplificar as
regulamentações, aumentando
o consumo interno. Ele afirma
ser capaz de elevar para 7% a
taxa anual de crescimento, dobrar a renda per capita e tornar
a Coréia do Sul uma das sete
maiores economias globais.
Lee propõe também uma
maior aproximação com o Japão e os Estados Unidos e a
adoção de uma posição "pragmática" em relação ao regime
comunista norte-coreano. As
políticas de conciliação, que
renderam ao então presidente
Kim Dae-jung o prêmio Nobel
da Paz em 2000, ainda não culminaram em um tratado de paz
definitivo entre os países irmãos, oficialmente em "cessar-fogo" desde 1953.
"Rouba, mas faz"
Suspeito de uma fraude financeira que lesou milhares de
investidores, Lee terá imunidade garantida pela Constituição
caso seja empossado no dia 25
de fevereiro. Muitos dos seus
eleitores são céticos quanto à
integridade moral de Lee, mas
louvam sua capacidade administrativa. O recém-eleito é
apelidado de "trator" pela capacidade de fazer aprovar suas reformas políticas.
"Votei em Lee Myung-bak
mesmo achando que ele é um
pouco corrupto", disse o estudante Kim Cho-rong, 21.
"Achei que alguém meio desonesto, mas competente, seria
melhor para a nossa sociedade
do que alguém que é inocente,
mas incompetente."
Lee já admitiu responsabilidade por crimes menos graves,
como inventar filhos para seus
empregados para diminuir o
imposto a ser pago. Ele é categórico, porém, ao negar envolvimento na fraude no mercado
financeiro cometida pela administradora de fundos BBK.
Após a divulgação de um vídeo no qual ele afirma ter sido
um dos fundadores da BBK, a
Assembléia Nacional aprovou a
indicação de um comitê para
reabrir o caso. Segundo Lee, tudo não passa de intriga política
da Assembléia, articulada por
seus adversários. Caso ele seja
indiciado antes de assumir o
cargo, a eleição presidencial
poderá ser anulada.
Com "New York Times" e agências internacionais
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