São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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PERU

Promotor vê indícios de participação da CIA na operação

Começa julgamento de ex-aliado de Fujimori por venda de armas às Farc

DA REDAÇÃO

O ex-chefe do serviço de inteligência peruano Vladimiro Montesinos, 58, preso desde junho de 2001, começou a ser julgado ontem, em Lima, pela acusação de vender 10 mil armas para a guerrilha terrorista de esquerda das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), numa operação que teria o envolvimento da CIA (serviço secreto dos EUA).
Considerado o homem forte do governo do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), Montesinos também responde a mais de 70 processos, que incluem assassinato, corrupção e tráfico de drogas. Essas denúncias foram o pivô da crise que culminou na renúncia de Fujimori, em 2000.
Os promotores, que querem uma pena de 20 anos, acusam Montesinos de planejar a venda de 10 mil fuzis vindos da Jordânia e entregues via pára-quedas às Farc, em 1999. Outras 37 pessoas também são réus nesse processo. Montesinos nega o negócio, estimado em US$ 750 mil.
O promotor Ronald Gamarra diz que há indícios de que a CIA tenha apoiado a operação, que teria sido realizada um ano antes da aprovação do Plano Colômbia, um pacote americano de ajuda ao combate ao tráfico de drogas.
Para Gamarra, a intenção de Montesinos era "agradar mais uma vez à CIA, que, na época, buscava colocar em marcha o chamado Plano Colômbia, para radicalizar a luta contra as Farc".
O promotor disse que o traficante de armas libanês Sarkis Soghanalian declarou em juízo que a compra de fuzis era do conhecimento da inteligência americana.
"Essa operação escapava dos poderes que Montesinos tinha no Peru, pois envolvia muita gente no exterior. Montesinos não teria corrido o risco de ser descoberto a menos que se sentisse protegido por um organismo estrangeiro importante", disse.
O governo norte-americano não havia comentado o assunto até o fechamento desta edição.


Com agências internacionais

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