São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Após vencer duas vezes, McCain já age como líder

Senador prevê ataques dos concorrentes republicanos antes das próximas prévias

Campanhas democratas se preparam para primária na Carolina do Sul, no dia 26; para vencer Obama, Hillary aposta no voto feminino

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A COLUMBIA

Favorito nas pesquisas nacionais e vencedor da primária republicana na Carolina do Sul, no sábado, o candidato John McCain passou a se intitular o "favorito" nas prévias do partido para as eleições para a Presidência dos Estados Unidos.
"Eu consigo entender por que eles atacariam o favorito'", afirmou o senador, falando sobre o que espera de seus adversários após a vitória da véspera. Mas, apesar do discurso otimista, o senador do Arizona admitiu que a eleição no partido "ainda está bem competitiva".
McCain diz esperar a vitória na Flórida, dia 29, onde passou a ser apontado como favorito. Perder ali seria um golpe na candidatura do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, que desprezou a campanha em outros Estados para centrar foco no que tem um dos maiores pesos no Colégio Eleitoral.
"Acho que iremos muito bem. Acho que a Flórida é muito importante. Eu não sei se é um "tem que ganhar", mas é certamente uma corrida muito, muito importante", disse McCain. Giuliani, por enquanto, reforça na Flórida o ataque aos democratas Hillary Clinton e Barack Obama, na tentativa de se projetar como o mais forte para derrotar um deles nas eleições de 4 de novembro.

Margem apertada
Após o primeiro lugar na Carolina do Sul, McCain citou a tradição de mais de 20 anos de que o vitorioso no Estado acaba por conseguir a indicação do partido, como aconteceu com George W. Bush, Bob Dole e George H. W. Bush. Não é só história: com boa porção de evangélicos conservadores, o Estado é tido como um bom termômetro dos eleitores republicanos em todo o país.
A vitória de McCain anteontem, contudo, foi apertada: de apenas 33% dos votos, contra 30% do ex-pastor Mike Huckabee. O senador ganhou, em geral, nos condados ao sul e ao centro do Estado, enquanto o adversário venceu nos superiores, onde a direita cristã tem mais influência política. Huckabee também venceu entre os eleitores de baixa renda, menor escolaridade e, com larga vantagem, entre os evangélicos.
Nas pesquisas nacionais, os dois brigam pela liderança republicana: McCain aparece como a intenção de voto de 28,6% dos eleitores, contra 18,9% de Huckabee, 15,3% de Mitt Romney e 12% de Giuliani.

Delegados
Após prévias republicanas em seis Estados, McCain acumula duas vitórias -a outra foi em New Hampshire. O ex-governador de Massachusetts Mitt Romney venceu mais vezes, em Wyoming, Michigan e Nevada, mas esses são Estados com eleições de menor projeção na mídia americana. Já o ex-governador do Arkansas Huckabee venceu em Iowa.
Na contagem geral dos delegados a que os candidatos têm direito para representá-los na convenção partidária, em setembro, McCain está em segundo lugar, com 38, perdendo para Romney, que tem 66. Huckabee soma 26, Fred Thompson 8, Ron Paul 6 e Giuliani, apenas 1 até agora.
Os candidatos avançarão na contagem no dia 5 de fevereiro, na chamada Superterça, quando mais de 20 Estados realizam suas prévias, o que pode ser decisivo para definir a indicação do nome do partido a concorrer contra o indicado democrata.

Corrida democrata
Os republicanos vão embora, mas na Carolina do Sul começa a ferver a disputa democrata. John Ernest, 32, trabalha no comitê de Barack Obama em Columbia desde abril do ano passado, como porta-voz da campanha na cidade. "Se você olhar Iowa e New Hampshire, Barack Obama está indo muito bem com vários eleitores. Ele é o democrata que mostrou que pode unir todo mundo em uma única idéia, a idéia de mudança. É nisso que estamos apostando para vencer aqui na Carolina do Sul. Veja isso aqui, veja quantos voluntários estão trabalhando por Obama", diz, apontando para cerca de 20 jovens na principal sala do comitê.
Em clima de gincana de escola, os voluntários correm para um lado e para o outro fazendo de tudo: atendem telefones, colam cartazes em bastões, arrumam a própria bagunça. A comunidade simpatizante de Obama visita o local para ajudar a equipe. Na entrada, há um cartaz grande com a "wish list" (lista de desejos) da equipe: clipes, papel, lixeiras, esponjas, lanches, etc. "O clima é assim no Estado todo. Obama tem 15 comitês no Estado, e muita gente está animada para a ajudar", diz Ernest, que nunca viu o candidato de perto.
O comitê de Hillary Clinton fica no mesmo prédio da rede de TV ABC local. A campanha tem focado o desempate de voto das mulheres negras, após a observação de um dado nas pesquisas: no Estado, os brancos e as mulheres votam em Hillary, enquanto os negros e os homens votam em Obama. A tentativa é fazer a simpatia de gênero se sobrepor à de raça e assim reverter a vantagem de Barack Obama, que é tido como favorito por até 13 pontos percentuais nas quatro pesquisas mais recentes.
Sobre o assunto, a porta-voz da campanha da ex-primeira-dama em Columbia, Valerie Hendrix, diz em e-mail à Folha apenas que "há uma larga expansão do apoio a Hillary Clinton aqui na Carolina do Sul por causa da lembrança da experiência dela com o Fundo de Defesa das Crianças e de seus 35 anos de comprometimento com mulheres e famílias".


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