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teste eleitoral
Repórter vota em primária em Columbia
DO ENVIADO ESPECIAL A COLUMBIA
Eu, repórter da Folha e
eleitor brasileiro, votei na
primária republicana da Carolina do Sul para definir o
candidato do partido à Presidência dos EUA.
Mas deixo claro: meu voto
não valeu, pois não o confirmei ao fim do processo, na
urna eletrônica. Se o fizesse,
estaria traindo a confiança
do mesário, que permitiu
minha entrada na cabine de
votação só para me explicar
como funciona o voto eletrônico no Estado, e que ficou
ao meu lado o tempo todo.
Aos fatos: após pegar um
táxi na chuvosa Columbia e
pedir à motorista (democrata convicta, com filho militar
lutando no Iraque) que me
conduzisse ao local onde ela
vota, fui deixado em um clube de veteranos de guerra na
periferia da cidade, onde
uma folha de papel colada no
vidro avisava que ali era um
local de votação. Mas onde
estão os eleitores? Não havia
nenhum. Apenas três mesários, todos com livros grossos nas mãos, para espantar
o tédio do dia -por volta das
15h, apenas 132 dos cerca de
1.200 inscritos ali haviam
cumprido seu direito cívico
(o voto não é obrigatório).
Um mesário me permite ir
à cabine. Há apenas um botão verde, para confirmação
do voto, e as opções do eleitor são feitas tocando-se a
tela. Faço minha escolha,
aleatoriamente. Tenho que
confirmar duas vezes o voto.
Na segunda, o mesário insere um cartão para desconfirmar o voto, e aí temos que
explicar por qual motivo
mudamos de idéia. Escolho o
retângulo onde se lê "outras
opções". E pronto. Meu voto
não valeu nada.
Se tivesse confirmado, o
mesário poderia anulá-lo, ou
mesmo chamar a polícia.
Mesmo assim, ter acesso tão
fácil à urna impressiona. A
sensação é a de que, no país
da neurose nos aeroportos,
para parte das pessoas ainda
todos são inocentes até que
se prove o contrário.
(DB)
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