São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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teste eleitoral

Repórter vota em primária em Columbia

DO ENVIADO ESPECIAL A COLUMBIA

Eu, repórter da Folha e eleitor brasileiro, votei na primária republicana da Carolina do Sul para definir o candidato do partido à Presidência dos EUA.
Mas deixo claro: meu voto não valeu, pois não o confirmei ao fim do processo, na urna eletrônica. Se o fizesse, estaria traindo a confiança do mesário, que permitiu minha entrada na cabine de votação só para me explicar como funciona o voto eletrônico no Estado, e que ficou ao meu lado o tempo todo.
Aos fatos: após pegar um táxi na chuvosa Columbia e pedir à motorista (democrata convicta, com filho militar lutando no Iraque) que me conduzisse ao local onde ela vota, fui deixado em um clube de veteranos de guerra na periferia da cidade, onde uma folha de papel colada no vidro avisava que ali era um local de votação. Mas onde estão os eleitores? Não havia nenhum. Apenas três mesários, todos com livros grossos nas mãos, para espantar o tédio do dia -por volta das 15h, apenas 132 dos cerca de 1.200 inscritos ali haviam cumprido seu direito cívico (o voto não é obrigatório).
Um mesário me permite ir à cabine. Há apenas um botão verde, para confirmação do voto, e as opções do eleitor são feitas tocando-se a tela. Faço minha escolha, aleatoriamente. Tenho que confirmar duas vezes o voto. Na segunda, o mesário insere um cartão para desconfirmar o voto, e aí temos que explicar por qual motivo mudamos de idéia. Escolho o retângulo onde se lê "outras opções". E pronto. Meu voto não valeu nada.
Se tivesse confirmado, o mesário poderia anulá-lo, ou mesmo chamar a polícia. Mesmo assim, ter acesso tão fácil à urna impressiona. A sensação é a de que, no país da neurose nos aeroportos, para parte das pessoas ainda todos são inocentes até que se prove o contrário. (DB)


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