São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

Brasil vai dobrar efetivo militar no Haiti

Governo pedirá ao Congresso que atualize envio de mais 1.300 soldados ao país caribenho; 900 partirão já e 400 ficarão de sobreaviso

Hoje, presidente Lula irá participar de cerimônia fúnebre em homenagem aos 18 membros da missão que morreram em terremoto


Julie Jacobson/Associated Press
Soldados peruanos da Minustah impedem que grupo de haitianos passe por barricada que obstrui o acesso a armazéns com comida

FERNANDA ODILLA
SIMONE IGLESIAS
JOHANNA NUBLAT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil vai dobrar o efetivo de militares disponíveis para servir no Haiti de 1.300 para 2.600. Atendendo ao pedido da ONU, o governo decidiu enviar inicialmente 900 voluntários do Exército e da Marinha que já estiveram no país caribenho.
O Ministério da Defesa decidiu manter no Brasil uma reserva de 400 militares para a força da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), que poderão ser deslocados para o Haiti a qualquer momento. Não há, contudo, previsão para o início do reforço das tropas, que será autorizado pelo Congresso somente na próxima segunda.
Desde o começo da semana o Brasil baixou o tom das críticas à maciça presença militar americana -que pode chegar a 16 mil homens em alguns dias. O governo estava incomodado com o protagonismo dos EUA, uma vez que a Minustah é a única força de paz que o Brasil comanda.
Ontem, os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Nelson Jobim (Defesa) assinaram a exposição de motivos do projeto que, antes de seguir para o Legislativo, será balizado pela Casa Civil.
Como o Congresso está em recesso, o assunto será discutido por sua comissão representativa, composta por 17 deputados e oito senadores. Sua convocação foi acertada ontem pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado, diz que a oposição aprova a iniciativa e não vai se opor ao envio imediato de 90 fuzileiros navais, 660 homens da infantaria do Exército e 150 da Polícia do Exército (especializada em segurança de infraestrutura, material e pessoal militar).
O efetivo brasileiro ajudará a cumprir o aumento aprovado pela ONU nas tropas da Minustah, que receberão reforço de 3.500 militares e policiais, que se somam aos cerca de 9.000 hoje em atuação no Haiti.
Ontem, chegaram a Brasília 17 dos 18 militares mortos no terremoto. Familiares terão acesso restrito às urnas até as 16h de hoje, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de cerimônia de homenagens póstumas aos militares acompanhado de todo o seu ministério.
Depois da solenidade, 16 corpos serão enviados aos seus Estados de origem. As famílias desses 16 militares estão sendo trazidas para Brasília em aviões da FAB, e a previsão é que cheguem hoje de manhã à capital.
Das 8h30 até o horário da cerimônia, Lula estará em reunião com os 37 ministros na Granja do Torto, para tratar não apenas das providências adotadas pelo Brasil no Haiti como também das eleições deste ano e do lançamento da segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento.
Ontem, Lula falou ao telefone com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que elogiou a atuação dos soldados brasileiros e agradeceu a oferta para reforçar a Minustah.
"O presidente Lula reiterou a importância da organização do grupo civil que se encarregue das doações, para deixar a Minustah mais livre para as tarefas de manutenção da paz", disse o chanceler Celso Amorim. Segundo ele, somente ontem o Brasil obteve o número da conta da ONU para mandar os recursos prometidos. Independentemente dos US$ 15 milhões oferecidos, o Brasil vai continuar ajudando com comida, água e auxílio médico.
O gabinete de crise do governo criou ontem uma equipe integrada por representantes de quatro ministérios (Relações Exteriores, Saúde, Defesa e Integração Nacional) que estão no Haiti para coordenar o gerenciamento e a remessa de suprimentos especializados aos haitianos. Segundo o governo, a medida foi tomada como forma de aliviar o trabalho da Minustah, que está sobrecarregada.
O governo está pedindo aos interessados em fazer doações que procurem a Defesa Civil, que orientará sobre o que é mais urgente. No momento, a necessidade é por alimentos enlatados de pronto consumo e bebidas engarrafadas.


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