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RELIGIÃO
Irã, ativo nos protestos contra charges de Muhammad, agora quer diálogo
Teerã pede calma a manifestantes
DA REDAÇÃO
O governo do Irã expressou ontem apoio aos apelos de lideranças muçulmanas e do mundo árabe pelo fim dos protestos violentos contra a publicação de charges
do profeta Muhammad. Pelo menos 45 pessoas morreram em um
mês de manifestações.
Em visita à sede da União Européia, em Bruxelas, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, disse que ele e o chefe da diplomacia
da UE, Javier Solana, pediram
maior diálogo entre o mundo
muçulmano e o Ocidente acerca
de respeito e tolerância.
O Irã é um dos países mais ativos nos protestos contra as charges. Um jornal ligado ao governo
lançou um concurso de charges
do Holocausto para "testar os limites" da liberdade de expressão,
e várias embaixadas ocidentais foram atacadas em Teerã.
"Aceitamos cooperar uns com
os outros para acalmar a situação,
não ofender os valores, particularmente os valores religiosos de
um dos lados, e a liberdade de expressão do outro", disse Mottaki.
"Não apoiamos a violência."
A crise começou em setembro
passado, quando um jornal dinamarquês publicou uma série de
charges de Muhammad. Além de
o islã proibir retratos do profeta,
para evitar a idolatria, alguns dos
desenhos vinculavam Muhammad e o islã ao terrorismo. Desde
então, embora outros jornais tenham republicado os desenhos, a
Dinamarca tem sido o alvo preferencial da ira muçulmana.
O chanceler da Dinamarca, Per
Stig Moeller, advertiu ontem que
os terroristas da Al Qaeda podem
explorar o clima de confronto. Ele
criticou especialmente a atitude
de um clérigo paquistanês que
ofereceu US$ 1 milhão pela cabeça
de um dos cartunistas. "Quando
se coloca a cabeça de alguém a
prêmio, isso é terrorismo", disse
Moeller. "São as forças extremistas que desejam que a coisa toda
continue. A Al Qaeda é uma delas,
e vai atiçar o fogo."
No Afeganistão, onde 11 pessoas
morreram em três dias de protestos no início do mês, cerca de
2.000 estudantes fizeram ontem
uma manifestação gritando "longa vida a Osama", referência ao líder da Al Qaeda, e queimando
bandeiras dos EUA e da Dinamarca e fotos do presidente americano, George W. Bush.
Também ontem, o papa Bento
16 tentou reduzir as tensões, dizendo que os símbolos religiosos
devem ser respeitados, mas a violência não se justifica.
Com agências internacionais
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