São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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IRAQUE

Atentados matam 24 no país

EUA ameaçam retirar apoio a governo sectário

DA REDAÇÃO

Os EUA retirarão seu apoio ao governo iraquiano se o controle da polícia e do Exército for entregue a milícias políticas ou religiosas, ameaçou o embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, sublinhando os riscos de formar um governo sectário. O alerta ocorreu no dia em que atentados mataram 24 pessoas no país.
A advertência de Khalilzad é a mais explícita e dura já vinda de uma autoridade americana quanto ao poder de grupos religiosos.
As eleições parlamentares de dezembro foram vencidas pela Aliança Iraque Unido, que congrega partidos religiosos xiitas. Mas, sem margem para governar sozinho, o grupo busca formar uma coalizão, negociando em primeira instância com os curdos (sunitas) e árabes xiitas seculares.
Os xiitas, perseguidos por Saddam Hussein (1979-2003), perfazem 60% da população, e os curdos, 15%. Já os árabes sunitas, que com a queda do ditador perderam privilégios, são 20%. É a eles que as autoridades iraquianas e americanas atribuem a insurgência. Atraí-los para o processo político, crêem, amenizaria a violência e facilitaria a retirada dos EUA.
Khalilzad tachou as cisões religiosas e étnicas de "o problema fundamental do Iraque". "Para superá-lo, é preciso um governo de unidade nacional", disse. O gabinete -sobretudo as pastas da Defesa e do Interior- deve ser de "indivíduos não-sectários, amplamente aceitos e sem ligação com milícias". Caso isso não ocorra, alertou, "o Iraque corre o risco de cair nas mãos dos senhores da guerra, como ocorreu durante um tempo no Afeganistão".
Para enfatizar o alerta, Khalilzad disse que os EUA "não investirão recursos do povo americano em forças comandadas por indivíduos sectários" ou milícias.
O governo interino não se manifestou. Ontem, o chanceler britânico, Jack Straw, visitaria Bagdá para se inteirar das negociações.

Atentados
Um homem-bomba matou 12 pessoas e feriu 15 ontem no bairro xiita de Kazimiyah, em Bagdá. Horas antes, uma bomba havia explodido perto da praça da Libertação, também na capital, matando quatro pessoas e ferindo 14.
Em Mossul (noroeste), um homem-bomba atacou um restaurante lotado de policiais, matando pelo menos cinco pessoas. Outros dois civis morreram na explosão de um carro-bomba em Madain (sudeste), e um soldado americano morreu atingido por uma bomba em Larbala (sudoeste).
Além disso, dois civis macedônios seqüestrados no sul do país na semana passada foram soltos.
Também ontem, autoridades americanas previram que o total restabelecimento do fornecimento de energia elétrica para todo o território levará de cinco a sete anos. Embora o fornecimento esteja melhorando, ele ainda é inferior ao de antes da guerra.


Com agências internacionais

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