São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Agora Fidel será processado, diz piloto em Miami

DO ENVIADO A MIAMI

Em 24 de fevereiro de 1996, dois aviões Cessna foram atingidos por dois caças MiG cubanos e derrubados. Um terceiro conseguiu pousar na Flórida. Na operação, três cubano-americanos e um cubano foram mortos. Desde então, o piloto sobrevivente quer levar Fidel Castro à Justiça. Seu sonho pode estar prestes a ser realizado.
É o que diz à Folha José Basulto, o piloto sobrevivente, hoje vivendo em Miami. "Agora que ele renunciou oficialmente a seu cargo no Executivo, a Justiça dos Estados Unidos não tem mais desculpas para não o processar."
Ele repete o argumento que consta de carta enviada ontem ao Ministério de Justiça norte-americano pela representante (deputada federal) Ileana Ros-Lehtinen.
Uma das mais conhecidas republicanas da comunidade cubano-americana da Flórida, a política diz que conta com o apoio do candidato republicano, John McCain, em sua ação. "Se for eleito, pedirei investigação sobre o ataque a esses corajosos cubanos que foram mortos sob ordens de Fidel e Raúl", disse o senador recentemente.
Segundo o relato de Basulto à Folha, ele e seus companheiros faziam mais um de vários vôos de rotina em busca de refugiados da ilha que estivessem à deriva em balsas entre Cuba e Miami, atividade da organização Irmãos para o Resgate, que ele fundou e dirige. "Estávamos em águas internacionais e pilotávamos aeronaves civis", afirma. "O ataque foi comandado por Fidel, o que faz dele um terrorista, segundo a lei daqui."
Visão diferente tem o ex-dirigente cubano, segundo artigos sobre o assunto publicados por ele no diário estatal "Granma". Para Cuba, é Basulto o terrorista. De acordo com Fidel, treinado pela CIA, a agência de inteligência dos EUA, ele participou de várias atividades para derrubar o governo cubano, do episódio da Baía dos Porcos, em 1961, a um atentado a um hotel ocupado por civis.
Além disso, argumentam os críticos da Irmãos para o Resgate, as operações de resgate de balseiros haviam cessado em 1994, depois do acordo entre Bill Clinton e Fidel Castro para a repatriação dos fugitivos flagrados no mar, o que diminuiu drasticamente o número de refugiados por esse método.
O fato é que a ação de Basulto começa a ganhar adeptos. De Madri, o Comitê de Ajuda à Dissidência (CAD 2506) avisa que pedirá a reabertura de processo por terrorismo, genocídio e tortura contra Fidel, arquivado pela Justiça espanhola em dezembro. O argumento é o mesmo: ele não é mais chefe de Estado. (SD)


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