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Agora Fidel será processado, diz piloto em Miami
DO ENVIADO A MIAMI
Em 24 de fevereiro de 1996,
dois aviões Cessna foram atingidos por dois caças MiG cubanos e derrubados. Um terceiro
conseguiu pousar na Flórida.
Na operação, três cubano-americanos e um cubano foram
mortos. Desde então, o piloto
sobrevivente quer levar Fidel
Castro à Justiça. Seu sonho pode estar prestes a ser realizado.
É o que diz à Folha José Basulto, o piloto sobrevivente,
hoje vivendo em Miami. "Agora que ele renunciou oficialmente a seu cargo no Executivo, a Justiça dos Estados Unidos não tem mais desculpas para não o processar."
Ele repete o argumento que
consta de carta enviada ontem
ao Ministério de Justiça norte-americano pela representante
(deputada federal) Ileana Ros-Lehtinen.
Uma das mais conhecidas republicanas da comunidade cubano-americana da Flórida, a
política diz que conta com o
apoio do candidato republicano, John McCain, em sua ação.
"Se for eleito, pedirei investigação sobre o ataque a esses corajosos cubanos que foram mortos sob ordens de Fidel e Raúl",
disse o senador recentemente.
Segundo o relato de Basulto
à Folha, ele e seus companheiros faziam mais um de vários
vôos de rotina em busca de refugiados da ilha que estivessem
à deriva em balsas entre Cuba e
Miami, atividade da organização Irmãos para o Resgate, que
ele fundou e dirige. "Estávamos em águas internacionais e
pilotávamos aeronaves civis",
afirma. "O ataque foi comandado por Fidel, o que faz dele um
terrorista, segundo a lei daqui."
Visão diferente tem o ex-dirigente cubano, segundo artigos sobre o assunto publicados
por ele no diário estatal "Granma". Para Cuba, é Basulto o
terrorista. De acordo com Fidel, treinado pela CIA, a agência de inteligência dos EUA, ele
participou de várias atividades
para derrubar o governo cubano, do episódio da Baía dos
Porcos, em 1961, a um atentado
a um hotel ocupado por civis.
Além disso, argumentam os
críticos da Irmãos para o Resgate, as operações de resgate de
balseiros haviam cessado em
1994, depois do acordo entre
Bill Clinton e Fidel Castro para
a repatriação dos fugitivos flagrados no mar, o que diminuiu
drasticamente o número de refugiados por esse método.
O fato é que a ação de Basulto
começa a ganhar adeptos. De
Madri, o Comitê de Ajuda à
Dissidência (CAD 2506) avisa
que pedirá a reabertura de processo por terrorismo, genocídio e tortura contra Fidel, arquivado pela Justiça espanhola
em dezembro. O argumento é o
mesmo: ele não é mais chefe de
Estado.
(SD)
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