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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA DEMOCRATA
"Campanha de Hillary está insana", diz assessor de rival
Bill Clinton afirma que, se mulher não vencer no Texas e em Ohio, não será candidata
Recordista em arrecadação, Obama recua em promessa de limitar gastos na corrida presidencial; John McCain critica "discurso dúbio"
DA REDAÇÃO
Com mais de US$ 1 milhão
entrando diariamente nas contas da campanha e dez vitórias
consecutivas -se incluída a
prévia das Ilhas Virgens, pequeno território americano no
Caribe-, o senador Barack
Obama tem hoje uma "enorme
e significativa vantagem" na
disputa pela candidatura democrata à Casa Branca, afirmou ontem o chefe de sua campanha, David Plouffe.
"Eu me divirto quando a
campanha de Hillary Clinton
diz que é basicamente um empate. Isso é insano", afirmou
Plouffe a jornalistas, completando que a ex-primeira-dama
precisaria de "vitórias esmagadoras" de agora em diante.
De fato, o cenário para Hillary está cada vez mais complicado. Ontem, o ex-presidente
Bill Clinton, em discurso no
Texas, afirmou que os eleitores
locais poderiam enterrar a candidatura da mulher. "Se ela
vencer no Texas e em Ohio, ela
será a candidata. Se vocês não
fizerem nada por ela, então
acho que ela não consegue. Tudo depende de vocês", afirmou.
A pressão de Clinton se justifica: Texas e Ohio votam no
próximo dia 4 e levam à convenção partidária, respectivamente, 193 e 141 delegados (representantes que cada candidato terá a seu favor de acordo
com os resultados das prévias).
Com grande população de ascendência latina, o Texas tendia a Hillary, mas algumas pesquisas indicam que Obama já
está em empate técnico. Em
Ohio a senadora lidera.
Atrás nas pesquisas nacionais até então, Obama tem vencido todas as disputas depois de
5 de fevereiro, a Superterça,
quando 22 Estados votaram em
prévias democratas. A maioria
delas, por largas margens -caso das votações de anteontem
em Wisconsin (58% a 44%) e
no Havaí (76% a 24%). Assim,
ele reverteu a tendência nos levantamentos nacionais e agora
abre quatro pontos percentuais
na média das pesquisas.
O desempenho levou Hillary
a elevar o tom da campanha nas
últimas semanas, com ataques
diretos ao adversário e críticas
a seu discurso: "É hora de cair
na real, de cair na real sobre como realmente vencer esta eleição e sobre as questões que a
América enfrenta", disse ela em
Nova York, aludindo à retórica
da esperança do rival.
Suas tentativas, no entanto,
parecem ter pouco efeito. Obama vem pouco a pouco conquistando bastiões antes irredutíveis da pré-candidata: mulheres brancas e trabalhadores
sindicalizados. Apenas entre os
maiores de 60 anos, a senadora
ainda lidera.
Ontem, o sindicato dos funcionários do setor de transporte, segundo maior do país, declarou apoio ao senador -é a
terceira grande agremiação a
fazê-lo, depois dos funcionários do setor de entretenimento e de outro de funcionários do
setor de serviço.
Mas, embora Obama mantenha uma margem de 142 delegados sobre a rival, ela tem melhor desempenho entre os superdelegados, diminuindo a
vantagem para cerca de 70, na
estimativa da rede CNN. Como
os superdelegados podem votar
como quiserem na convenção,
no fim de agosto, é difícil prever
com precisão sua escolha.
Alvo republicano
John McCain, que venceu as
prévias republicanas de Wisconsin com 55%, já trata Obama como o adversário em 4 de
novembro -quando a eleição
presidencial enfim acontece.
No discurso de vitória, ele criticou as "mudanças vazias" propostas pelo senador e praticamente ignorou Hillary.
O veterano senador do Arizona resolveu mirar também o
caixa de campanha do adversário, campeão de arrecadação,
com mais de US$ 130 milhões.
Ele diz que o democrata, como
ele, apoiou uma reforma eleitoral limitando os gastos da campanha, caso o oponente também adotasse as novas regras. A
captação de recursos privados
seria proibida, e os candidatos
contariam com um fundo público de cerca de US$ 85 milhões -pouco no padrão local.
Ontem Obama escreveu em
artigo no "USA Today": "Não
espero que um acordo funcional, efetivo seja alcançado da
noite para o dia". Vago, ele pede
um "acordo que resulte em
reais limitações do gasto".
Para McCain, trata-se de um
"discurso de duas caras".
Com o "New York Times" e agências internacionais
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