São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA DEMOCRATA

"Campanha de Hillary está insana", diz assessor de rival

Bill Clinton afirma que, se mulher não vencer no Texas e em Ohio, não será candidata

Recordista em arrecadação, Obama recua em promessa de limitar gastos na corrida presidencial; John McCain critica "discurso dúbio"

DA REDAÇÃO

Com mais de US$ 1 milhão entrando diariamente nas contas da campanha e dez vitórias consecutivas -se incluída a prévia das Ilhas Virgens, pequeno território americano no Caribe-, o senador Barack Obama tem hoje uma "enorme e significativa vantagem" na disputa pela candidatura democrata à Casa Branca, afirmou ontem o chefe de sua campanha, David Plouffe.
"Eu me divirto quando a campanha de Hillary Clinton diz que é basicamente um empate. Isso é insano", afirmou Plouffe a jornalistas, completando que a ex-primeira-dama precisaria de "vitórias esmagadoras" de agora em diante.
De fato, o cenário para Hillary está cada vez mais complicado. Ontem, o ex-presidente Bill Clinton, em discurso no Texas, afirmou que os eleitores locais poderiam enterrar a candidatura da mulher. "Se ela vencer no Texas e em Ohio, ela será a candidata. Se vocês não fizerem nada por ela, então acho que ela não consegue. Tudo depende de vocês", afirmou.
A pressão de Clinton se justifica: Texas e Ohio votam no próximo dia 4 e levam à convenção partidária, respectivamente, 193 e 141 delegados (representantes que cada candidato terá a seu favor de acordo com os resultados das prévias). Com grande população de ascendência latina, o Texas tendia a Hillary, mas algumas pesquisas indicam que Obama já está em empate técnico. Em Ohio a senadora lidera.
Atrás nas pesquisas nacionais até então, Obama tem vencido todas as disputas depois de 5 de fevereiro, a Superterça, quando 22 Estados votaram em prévias democratas. A maioria delas, por largas margens -caso das votações de anteontem em Wisconsin (58% a 44%) e no Havaí (76% a 24%). Assim, ele reverteu a tendência nos levantamentos nacionais e agora abre quatro pontos percentuais na média das pesquisas.
O desempenho levou Hillary a elevar o tom da campanha nas últimas semanas, com ataques diretos ao adversário e críticas a seu discurso: "É hora de cair na real, de cair na real sobre como realmente vencer esta eleição e sobre as questões que a América enfrenta", disse ela em Nova York, aludindo à retórica da esperança do rival.
Suas tentativas, no entanto, parecem ter pouco efeito. Obama vem pouco a pouco conquistando bastiões antes irredutíveis da pré-candidata: mulheres brancas e trabalhadores sindicalizados. Apenas entre os maiores de 60 anos, a senadora ainda lidera.
Ontem, o sindicato dos funcionários do setor de transporte, segundo maior do país, declarou apoio ao senador -é a terceira grande agremiação a fazê-lo, depois dos funcionários do setor de entretenimento e de outro de funcionários do setor de serviço.
Mas, embora Obama mantenha uma margem de 142 delegados sobre a rival, ela tem melhor desempenho entre os superdelegados, diminuindo a vantagem para cerca de 70, na estimativa da rede CNN. Como os superdelegados podem votar como quiserem na convenção, no fim de agosto, é difícil prever com precisão sua escolha.

Alvo republicano
John McCain, que venceu as prévias republicanas de Wisconsin com 55%, já trata Obama como o adversário em 4 de novembro -quando a eleição presidencial enfim acontece. No discurso de vitória, ele criticou as "mudanças vazias" propostas pelo senador e praticamente ignorou Hillary.
O veterano senador do Arizona resolveu mirar também o caixa de campanha do adversário, campeão de arrecadação, com mais de US$ 130 milhões. Ele diz que o democrata, como ele, apoiou uma reforma eleitoral limitando os gastos da campanha, caso o oponente também adotasse as novas regras. A captação de recursos privados seria proibida, e os candidatos contariam com um fundo público de cerca de US$ 85 milhões -pouco no padrão local.
Ontem Obama escreveu em artigo no "USA Today": "Não espero que um acordo funcional, efetivo seja alcançado da noite para o dia". Vago, ele pede um "acordo que resulte em reais limitações do gasto".
Para McCain, trata-se de um "discurso de duas caras".


Com o "New York Times" e agências internacionais


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