São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2001

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CRIME
Usando a Internet para obter dados, um empregado de restaurante teria feito transações e compras em nome de multimilionários

Hacker pode ter roubado milhões nos EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Abraham Abdallah, 32, empregado de um restaurante de Nova York, supostamente foi responsável pelo maior roubo de identidades da história da Internet e está sendo acusado de ter levado milhões de dólares de algumas das pessoas mais ricas dos EUA, segundo informaram autoridades norte-americanas ontem.
As autoridades disseram que Abdallah, que abandonou os estudos antes de terminar o colegial, enganou mais de 200 empresários usando computadores de bibliotecas do Brooklyn, em Nova York, e, assim, conseguiu obter faturas de cartão de crédito de pessoas importantes. Entre elas estão Paul Allen, um dos fundadores da Microsoft, o diretor de cinema Steven Spielberg e Ted Turner, fundador da rede de TV CNN.
Abdallah já havia sido indiciado por uma corte do Estado de Nova York sob acusação de fraude, mas o caso passou agora para a instância federal, segundo as autoridades. O advogado de Abdallah não foi encontrado e não pôde comentar o assunto.
A polícia informou ter prendido Abdallah em 23 de fevereiro último depois de tê-lo perseguido durante seis meses. Ele usava telefones celulares alugados para escapar do cerco policial.
"Ele dizia estar em todos os lugares possíveis e fingia ser outras pessoas, mas, na realidade, estava em Nova York e trabalhava como ajudante na cozinha de um restaurante", disse um policial, que não quis se identificar, ao jornal "The New York Post".
A polícia disse que Abdallah teve acesso a contas bancárias, faturas de cartão de crédito e carteiras de ações de multimilionários, como Spielberg, Turner e Allen. Os financistas George Soros e Warren Buffett, o quarto homem mais rico do mundo, o presidente da Disney, Michael Eisner, o presidente da Viacom, Sumner Redstone, e a apresentadora de TV Oprah Winfrey também teriam sido vítimas das ações criminosas de Abdallah.
Quando Abdallah foi indiciado pela corte de Nova York, no início do mês, foi divulgado que investigadores haviam descoberto que ele possuía documentos contendo fotografias, números de carteiras de identidade, datas de nascimento e endereços de mais de 200 executivos de empresas que figuram na lista das 500 maiores corporações dos EUA, feita pela revista "Forbes". Ele também teria mais de 400 números de cartões de crédito de multimilionários.
Segundo a polícia, Abdallah telefonava para bancos e corretoras, como Goldman Sachs, Bear Stearns, Merrill Lynch e Fidelity Investments, fingia ser um dos multimilionários e realizava operações financeiras ou obtinha informações confidenciais. Assim, ele também teria feito compras em nome de suas vítimas, sempre utilizando telefones celulares alugados para não ser achado.
A polícia de Nova York ainda está tentando descobrir como Abdallah agia e quanto ele teria roubado exatamente. Acredita-se que o rombo possa chegar a milhões de dólares.
"Ele é o melhor (hacker) que já tive de enfrentar", disse o investigador Michael Fabozzi ao diário "The New York Post". Outro investigador da polícia de Nova York, chamado Jahmal Daise, afirmou que é "muito raro encontrar um caso tão bom".
Abdallah foi detido durante uma operação especial da polícia. Os investigadores enviaram um pacote a um endereço falso que ele utilizava, e, quando chegou para apanhá-lo dirigindo um Volvo, Abdallah foi preso.


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