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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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BRASIL

Após censurar Bush, presidente faz discurso em que prefere ressaltar preocupação humanitária

Lula reduz o tom crítico aos EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu pronunciamento à nação sobre a guerra contra o Iraque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva baixou o tom das críticas aos EUA e adotou um discurso diplomático, focalizando os esforços pela paz do governo brasileiro e a preocupação com proteção da população civil e dos refugiados.
"Diante do início da guerra, preocupa-nos o sofrimento de inocentes, cujas vidas devem ser preservadas. Faço um apelo para que sejam respeitadas as normas de direito internacional humanitário, principalmente no que se refere à proteção das populações civis e dos refugiados", disse Lula ontem, em rede nacional.
Em relação às repercussões do conflito, o presidente manifestou "inquietação". "Não queremos ver o agravamento da instabilidade no Oriente Médio, região de onde descendem milhões de brasileiros e brasileiras e à qual nos unem laços de amizade e cooperação", afirmou.
Segundo Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula para assuntos internacionais, o presidente está preocupado com a contaminação da guerra no conflito entre israelenses e palestinos, no qual muitos brasileiros estão envolvidos.
Na terça-feira, Lula fez críticas mais duras sobre a então virtual declaração de guerra do presidente americano, George W. Bush. Disse que a guerra não tinha legitimidade internacional e que os EUA não tinham o direito de "decidir o que é bom e o que é ruim para o mundo".
O presidente também destacou ontem as preocupações do país com os efeitos da guerra e ressaltou as iniciativas do governo brasileiro em busca de solução pacífica para a crise -inclusive telefonemas de Lula a vários líderes e governantes de outros países.
"Estamos tomando todas as providências para que o povo brasileiro não sofra com os efeitos da guerra. Estamos cuidando do abastecimento, da saúde, da vigilância de nossas fronteiras e do apoio aos brasileiros que vivem na região afetada", disse.
O Ministério de Minas e Energia informou ontem que o Grupo de Acompanhamento do Suprimento de Combustíveis de Derivados considera que o Brasil "encontra-se em situação tranquila em relação ao suprimento de derivados".
A Infraero também informou que está tomando as "medidas de segurança" nos aeroportos. Segundo o órgão, pode haver "transtorno" a passageiros.
Deputados e senadores transformaram ontem a audiência pública nas comissões de Relações Exteriores do Senado e da Câmara com o embaixador do Iraque no Brasil, Jarallah Alobaidy, em um palanque antiamericano. Manifestando solidariedade e apoio ao Iraque, parlamentares fizeram críticas a Bush.
Cerca de 30 deputados de diversos partidos, a maioria do PT, foram à Embaixada dos EUA para entregar à embaixadora Donna Hrinak um manifesto contra a guerra. Houve um princípio de tumulto dos parlamentares com os seguranças -os deputados não haviam marcado audiência.
À tarde, Hrinak entrou em contato com a deputada federal Maninha (PT-DF) para tentar contornar o mal-entendido. Não funcionou. Os deputados se recusaram a aceitar o convite da embaixadora para voltar. A embaixadora divulgou ontem uma nota na qual afirma entender a posição do Brasil contrária à guerra.
Em Manaus, pelos menos 300 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram de ontem de um protesto em frente ao Consulado dos EUA.


Colaborou a Agência Folha, em Manaus


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