|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BRASIL
Após censurar Bush, presidente faz discurso em que prefere ressaltar preocupação humanitária
Lula reduz o tom crítico aos EUA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu pronunciamento à nação sobre a guerra contra o Iraque, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva baixou o tom das críticas
aos EUA e adotou um discurso diplomático, focalizando os esforços pela paz do governo brasileiro
e a preocupação com proteção da
população civil e dos refugiados.
"Diante do início da guerra,
preocupa-nos o sofrimento de
inocentes, cujas vidas devem ser
preservadas. Faço um apelo para
que sejam respeitadas as normas
de direito internacional humanitário, principalmente no que se
refere à proteção das populações
civis e dos refugiados", disse Lula
ontem, em rede nacional.
Em relação às repercussões do
conflito, o presidente manifestou
"inquietação". "Não queremos
ver o agravamento da instabilidade no Oriente Médio, região de
onde descendem milhões de brasileiros e brasileiras e à qual nos
unem laços de amizade e cooperação", afirmou.
Segundo Marco Aurélio Garcia,
assessor de Lula para assuntos internacionais, o presidente está
preocupado com a contaminação
da guerra no conflito entre israelenses e palestinos, no qual muitos brasileiros estão envolvidos.
Na terça-feira, Lula fez críticas
mais duras sobre a então virtual
declaração de guerra do presidente americano, George W. Bush.
Disse que a guerra não tinha legitimidade internacional e que os
EUA não tinham o direito de "decidir o que é bom e o que é ruim
para o mundo".
O presidente também destacou
ontem as preocupações do país
com os efeitos da guerra e ressaltou as iniciativas do governo brasileiro em busca de solução pacífica para a crise -inclusive telefonemas de Lula a vários líderes e
governantes de outros países.
"Estamos tomando todas as
providências para que o povo
brasileiro não sofra com os efeitos
da guerra. Estamos cuidando do
abastecimento, da saúde, da vigilância de nossas fronteiras e do
apoio aos brasileiros que vivem
na região afetada", disse.
O Ministério de Minas e Energia
informou ontem que o Grupo de
Acompanhamento do Suprimento de Combustíveis de Derivados
considera que o Brasil "encontra-se em situação tranquila em relação ao suprimento de derivados".
A Infraero também informou
que está tomando as "medidas de
segurança" nos aeroportos. Segundo o órgão, pode haver
"transtorno" a passageiros.
Deputados e senadores transformaram ontem a audiência pública nas comissões de Relações
Exteriores do Senado e da Câmara com o embaixador do Iraque
no Brasil, Jarallah Alobaidy, em
um palanque antiamericano. Manifestando solidariedade e apoio
ao Iraque, parlamentares fizeram
críticas a Bush.
Cerca de 30 deputados de diversos partidos, a maioria do PT, foram à Embaixada dos EUA para
entregar à embaixadora Donna
Hrinak um manifesto contra a
guerra. Houve um princípio de
tumulto dos parlamentares com
os seguranças -os deputados
não haviam marcado audiência.
À tarde, Hrinak entrou em contato com a deputada federal Maninha (PT-DF) para tentar contornar o mal-entendido. Não funcionou. Os deputados se recusaram a aceitar o convite da embaixadora para voltar. A embaixadora divulgou ontem uma nota na
qual afirma entender a posição do
Brasil contrária à guerra.
Em Manaus, pelos menos 300
pessoas, segundo a Polícia Militar,
participaram de ontem de um
protesto em frente ao Consulado
dos EUA.
Colaborou a Agência Folha, em Manaus
Texto Anterior: Íntegra: Leia a íntegra do discurso de Saddam Próximo Texto: São Paulo terá atos contra a guerra hoje Índice
|