São Paulo, sábado, 21 de março de 1998

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Alunos negros protestam contra discriminação
Conflitos raciais renascem em escola

das agências internacionais

Quase quatro anos depois de ter abolido oficialmente o apartheid (regime de segregação racial), a África do Sul volta a assistir a conflitos entre manifestantes negros, que exigem igualdade, e policiais. Desta vez, o palco da violência é uma escola do norte do país.
Ontem, jovens negros de Vryburg (cidade conservadora de maioria branca) atearam fogo a pneus para bloquear ruas e atiraram pedras contra veículos da polícia. Anteontem, cerca de 2.000 manifestantes negros se enfrentaram com membros das forças de segurança do país.
Os conflitos se iniciaram há algumas semanas tendo por foco a Vryburg High School, uma escola antes destinada exclusivamente a brancos.
Segundo os estudantes negros do estabelecimento (atualmente 130 -são 650 alunos brancos), a escola mantém-se como um mini-Estado segregacionista em que alunos não-brancos são aceitos a contragosto, mantidos separados dos brancos e submetidos a piores condições de estudos.
"Os estudantes brancos têm computadores, máquinas de escrever e cursos de engenharia. Nós não", disse Andrew Pippin, 17. Ele estava entre os dez alunos negros que fizeram o primeiro protesto em frente à direção da escola contra as desigualdades.
Agredidos por pais
O estopim dos choques se deu quando os negros tentaram, em protesto, paralisar as aulas. Eles acabaram sendo atacados por pais dos alunos brancos.
Agora, os estudantes negros dizem que realizarão protestos até que uma comissão, estabelecida pelo governo para analisar as denúncias de racismo, emita um parecer sobre a questão. Até lá, a escola deve permanecer fechada.



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