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Política tem de recobrar relevância
no continente, defende estudo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O prestígio da democracia na
América Latina depende da política, concluiu a ONU em seu estudo. Ela precisa mostrar-se "relevante", apontar "caminhos",
transformar eleitores em "cidadãos integrais". O estudo da ONU
propõe o debate aberto do problema. Lista quatro pontos que julga
centrais: o exercício da política, o
papel do Estado, o modelo econômico e a globalização. Abaixo, um
resumo dos tópicos.
1) "A política, primeira condição": há uma crise política na
América Latina. "Um perigo para
a democracia." O poder dos presidentes é apenas formal. Não se
traduz em eficácia na ação de governar. Eleitores não se sentem
representados pelo Congresso.
Deve-se revitalizar as instituições.
Senão, a aparente impotência da
política continuará debilitando a
democracia, "não só em sua capacidade de expansão, mas também
em sua sustentabilidade".
2) "A necessidade de uma nova
estabilidade": há uma "crise de estabilidade" na América Latina. O
Estado perdeu a primazia na tomada de decisões. Submete-se a
pressões privadas. "É freqüente a
falta de distinção entre o interesse
público e o privado." Urge fortalecer o Estado. Diz a ONU: "Com
Estados débeis, mínimos, só se
pode aspirar à conservação de democracias meramente eleitorais".
3) "Uma economia para a democracia": a sustentabilidade da
democracia depende da redução
dos níveis de pobreza. Passa, portanto, pela economia. O debate
deve incorporar soluções originais. "O pensamento único, a receita universal [...] atenta contra o
desenvolvimento da democracia
e da própria economia." É possível distribuir renda sem desorganizar o mercado. As alternativas
econômicas devem ser debatidas.
À tese de que "questões técnicas
não são votadas", os estudiosos
da ONU contrapõem o argumento de que "o bem-estar de uma sociedade não se decide em laboratório de técnicos".
4) "Poder e políticas democráticas sob a globalização": até agora,
enfatizaram-se apenas as questões "financeiras e comerciais".
Esquece-se o principal: "Os poderes exteriores deixaram de ser exteriores". Passaram a condicionar
e até a determinar as decisões dos
Estados em vários setores, da segurança à saúde e educação. Deve-se explorar duas linhas: o dimensionamento do impacto real
da interferência externa na soberania do país e a busca de estratégias para viabilizar soluções domésticas. O poder nacional "não
pode se extinguir em nome de um
incontrolável poder global".
(JS)
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