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Flexibilização do yuan ainda divide potências
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente chinês, Hu Jintao,
prometeu a seu colega norte-americano, George W. Bush,
maior flexibilidade na cotação do
yuan, mas é pouco provável que
isso signifique o abandono da estratégia de valorização gradual da
moeda adotada por Pequim a
partir de julho de 2005.
Depois de se reunir com Bush
por menos de uma hora, Hu declarou que seu país continuará
"avançando na reforma do regime cambial", declaração que ficou aquém das exigências dos Estados Unidos."Esperamos que
valorizem sua moeda", afirmou
Bush aos mesmos jornalistas que
escutavam o presidente chinês.
Na quarta-feira, Hu havia descartado mudanças radicais no valor do yuan. As autoridades de Pequim têm repetido desde o início
do ano passado que estão dispostas a ampliar a influência das forças de mercado na cotação do
yuan. Mas isso não levou a valorizações expressivas.
No dia 14 de março de 2005, o
primeiro-ministro, Wen Jiabao,
já havia prometido o que Hu repetiu ontem: "O nosso objetivo é
ter um regime cambial flutuante,
baseado nas forças de mercado de
oferta e demanda", disse. Nem
Hu nem Wen fixaram prazos para
a realização da mudança.
Quatro meses depois da declaração do primeiro-ministro, a
China abandonou o regime de
câmbio fixo que existiu por um
década e permitiu a apreciação de
2,1% de sua moeda em relação ao
dólar. Desde então, houve valorização adicional de cerca de 1%.
Vantagem desleal
Industriais norte-americanos
afirmam que a moeda chinesa está artificialmente desvalorizada
em ao menos 15%. Alguns chegam a pedir apreciação de 30%.
Segundo eles, a manutenção do
yuan nos patamares atuais dá aos
chineses vantagem desleal no comércio internacional, já que torna
seus produtos mais baratos que
os de seus concorrentes.
No ano passado, os Estados
Unidos tiveram déficit recorde de
US$ 202 bilhões no comércio bilateral com a China.
Para tentar reduzir o descontentamento norte-americano, Hu
prometeu ontem derrubar barreiras à importação e estimular a demanda doméstica. Mais compras
dos Estados Unidos teriam o efeito de reduzir o déficit do país.
Antes da visita de Hu, uma comitiva de empresários chineses
fechou contratos de compra de
US$ 16 bilhões de produtos norte-americanos. Só a Boeing vendeu
80 aviões, ao custo de US$ 4,6 bilhões. A esperança dos chineses é
que esses gestos diminuam a tensão entre os dois países.
A China se recusa a realizar movimentos cambiais bruscos sob o
argumento de que as empresas e o
sistema bancário do país não estão preparados para isso. "Flutuações cambiais expressivas terão
grande impacto na estabilidade
econômica e financeira da China
e, por isso, não atendem aos interesses fundamentais da China",
declarou o "Diário do Povo", jornal do Partido Comunista logo
depois da valorização de julho.
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