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ITÁLIA
Primeiro-ministro não reconhecerá vitória do adversário e joga para enfraquecê-lo com a suspeita de ilegitimidade
Para Berlusconi, governo Prodi "nasce morto"
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro Silvio Berlusconi não reconhecerá a vitória
da oposição de centro-esquerda
nas eleições legislativas italianas e
afirmou, segundo o "Corriere della Sera", que o novo gabinete a
ser chefiado por Romano Prodi
"já nasceu morto".
Prodi foi ontem favorecido pela
nota do Departamento de Estado
americano que o reconheceu como novo primeiro-ministro. Mas
George W. Bush não lhe telefonou
para cumprimentá-lo. Bastante
próximo de Berlusconi, o presidente americano expressa possivelmente seu mau humor pela intenção de Prodi de retirar os militares italianos do Iraque.
O jornal "La Repubblica" disse
que o futuro premiê indicará para
o Ministério da Economia Tommaso Padoa Schioppa, que integrou a direção do Banco Central
Europeu e é um nome que tranqüilizaria os mercados. Mas o
convite não está confirmado.
Quanto à intransigência de Berlusconi, o "Corriere" informa que
o ainda premiê não tem a intenção de telefonar ao adversário para cumprimentá-lo, uma iniciativa protocolar da política italiana.
Ao ser indagado se não obedeceria essa tradição, Berlusconi, segundo o jornal, disse tratar-se de
uma prática comum nos Estados
Unidos, mas que na Itália ela já
não era mais respeitada.
O premiê disse a um de seus
partidários, de acordo ainda com
o "Corriere", que "qualquer um
que acredite que Prodi governará
por até dois anos é um estúpido
(pazzo)". Prevê que o gabinete
caia no segundo semestre, quando o Parlamento votar recursos
para a manutenção da missão militar italiana no Iraque.
O plano de Berlusconi, dizem
analistas, é concentrar seus esforços para caracterizar o governo de
Prodi como ilegítimo, já que, a seu
ver, uma recontagem dos votos
nulos poria em risco a maioria de
apenas 24.755 (de um total de 38
milhões) que a oposição obteve
na Câmara dos Deputados.
Mas uma recontagem só pode
ser decidida pelo novo Parlamento, que não tem interesse em aderir à manobra do ainda premiê.
A situação do Senado é mais
confusa. Prodi elegeu 158 senadores, contra os 156 de Berlusconi.
Mas há dúvida sobre a cadeira do
ítalo-argentino Luigi Pallaro, eleito em chapa independente por
eleitores sul-americanos.
Ele disse ontem em Buenos Aires, segundo a France Presse, que
irá a Roma para conversar com
Berlusconi e Prodi. Só então dirá
se irá aderir a um dos blocos.
Com agências internacionais
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