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Nova alegação de paternidade abala Lugo
Ex-bispo e presidente do Paraguai é acusado de ter abandonado outro filho, dias após assumir bebê nascido quando era clérigo
Suspeita ofusca a reforma do gabinete, que manteve poder do PLRA; ministras exigem esclarecimentos e Lugo aceita exame de DNA
DA REDAÇÃO
Uma nova alegação de paternidade ofuscou a reforma de
gabinete paraguaia e o aniversário de um ano do governo de
Fernando Lugo, ex-bispo que
quebrou a hegemonia de 61
anos do Partido Colorado, de
direita, na Presidência do Paraguai. Uma semana após Lugo
admitir ser o pai de um menino
de quase dois anos, concebido
quando ainda era bispo, uma
mulher exige que ele registre
um garoto nascido em 2002.
O presidente paraguaio fará
teste de DNA, segundo seu advogado, Marcos Fariña, que seguiu para Ciudad do Leste, na
fronteira com o Brasil, onde deve encontrar hoje Benigna Leguizamón, mãe do menino de 6
anos apresentado à imprensa
como filho de Lugo. Por meio
de seu porta-voz, o presidente
afirmou "que agirá sempre de
acordo com a verdade".
"Lugo é meu chefe, mas isso
não nos impedirá de atuar",
afirmou a ministra da Infância
e Adolescência, Liz Torres, assegurando que o exame poderia
ser exigido judicialmente. "A
criança tem o direito de saber
quem é seu pai, usar seu sobrenome e receber ajuda."
As três ministras do gabinete
de Lugo -Torres, Gloria Rubín
(pasta da Mulher) e Esperanza
Martínez (Saúde)- participaram de reunião com o presidente para discutir rumores sobre filhos não reconhecidos e
cobrar uma "posição clara" do
governante. Segundo o jornal
paraguaio "La Nación", uma
terceira mulher pretende entrar com ação de reconhecimento de paternidade.
"Há piadas e provocações por
todo o país de que vão aparecer
cinco ou seis, 16 filhos. Veremos caso a caso", disse Rubín.
"A Secretaria da Mulher estará
a serviço de todas as mulheres
que venham a exigir uma paternidade responsável."
Leguizamón, 27, contou que
se sentiu encorajada a pedir o
reconhecimento de paternidade depois que Lugo, 57, admitiu
ser pai de Guillermo Carillo, de
um ano e onze meses, fruto de
relacionamento de dez anos
entre ele e Viviana Carillo, 26.
"Não é justo que o filho do
presidente viva passando tanta
necessidade", disse Leguizamón, que tem três outros filhos
e mora na periferia de Ciudad
del Leste, onde trabalha como
vendedora ambulante.
Ela contou ter procurado Lugo, então bispo de San Pedro,
porque era mãe solteira e o pai
negava assistência ao bebê. "O
monsenhor [Lugo] me deu
apoio, mas se aproveitou da minha necessidade e me induziu a
ter relações."
Lugo ganhou notoriedade
como "bispo dos pobres" em
San Pedro, mas pediu dispensa
clerical para se dedicar à política. O pedido foi concedido pelo
Vaticano em 2008, após sua
eleição e um longo período de
relutância. Com a decisão, inédita para um bispo, ele voltou à
condição de leigo.
Novo gabinete
Anunciada desde a semana
passada pelo presidente Lugo, a
reforma do gabinete de ontem
consolidou a proeminência do
PLRA (Partido Liberal Radical
Autêntico, centro-direita),
principal legenda da ampla
coalizão governista, que inclui
também partidos de esquerda.
Lugo manteve liberais à frente dos ministérios da Agricultura e Pecuária, da Justiça e Trabalho e da Indústria e Comércio. Na Educação e Cultura,
quarta pasta onde houve troca
de comando, o vice-ministro
Luis Alberto Riart substituiu
Horacio Galeano Perrone, ex-dirigente do Partido Colorado.
Com agências internacionais
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