São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Justiça culpa Barghouti por atentados; país mata mais 8 em Gaza

Israel condena líder ligado a Arafat

DA REDAÇÃO

Israel condenou Marwan Barghouti, um dos mais populares líderes palestinos, pela morte de quatro israelenses e um monge grego em ataques terroristas. Na faixa de Gaza, ao menos mais oito palestinos morreram ontem.
Uma corte de Tel Aviv propôs que Barghouti, que já foi cotado para suceder o líder palestino Iasser Arafat, receba cinco penas de prisão perpétua, mas a sentença ainda será definida. Ele foi inocentado de outras 21 acusações e disse que não irá apelar das condenações por não reconhecer a legitimidade do tribunal.
Detido em abril de 2002, Barghouti, 44, é deputado e chefe do Fatah (partido de Arafat) na Cisjordânia. Segundo Israel, ele teve papel fundamental na criação das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, braço armado do Fatah responsável por diversos ataques terroristas contra soldados e civis.
É a primeira vez que a Justiça dá respaldo legal à posição do governo de que Arafat teria responsabilidade pela violência de palestinos contra israelenses. "Iasser Arafat não deu instruções claras e precisas, mas certificou-se de que aqueles sob seu comando compreenderam perfeitamente quando ele estava interessado num cessar-fogo e quando estava interessado em ataques contra Israel", afirmou a decisão judicial.
"As alegações não têm fundamento", disse Nabil Abu Rdainah, assessor de Arafat. Para os palestinos, o julgamento foi um "show".
Segundo o ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid, "um dia desses" Israel poderá tomar a decisão de também julgar Arafat, detido por Israel em seu QG em Ramallah há mais de dois anos.
Ao chegar ao tribunal, Barghouti, que nega ter ligações com o terror, fez sinais de vitória com as mãos algemadas. "Digo ao público israelense: "Não acredite nem por um momento que seja possível vencer os palestinos pela força. Os palestinos não têm poder, mas têm a justiça do seu lado" ". "Um dia, os palestinos ganharão sua liberdade, e Marwan também será livre", disse sua mulher, Fadwa.

Mais mortos em Rafah
Mesmo após ser alvo de críticas internacionais e de ser condenado por uma resolução da ONU anteontem, Israel prosseguiu ontem com sua operação militar no campo de refugiados de Rafah, na faixa de Gaza, perto da fronteira com o Egito. Mais de 40 palestinos morreram nos últimos três dias no local. Na semana passada, 13 soldados israelenses morreram na faixa de Gaza.
O Exército invadiu outros bairros de Rafah ontem com o suposto objetivo de destruir túneis usados para contrabandear armas do Egito. Pelo menos, oito palestinos morreram. Segundo Israel, a maioria era terrorista.
Na terça-feira, dez palestinos morreram atingidos por disparos israelenses durante uma manifestação. Israel nega ter atirado diretamente contra os manifestantes.
Os EUA disseram ontem que pressionaram Israel a encerrar as ações na faixa de Gaza o mais rapidamente possível.
O crescimento da violência ocorre quando o premiê de Israel, Ariel Sharon, busca apoio interno para retirar 7.500 colonos judeus de Gaza, assim como as tropas que os protegem. Sharon diz que a medida trará mais segurança, mas, segundo analistas, não quer dar a impressão de que está deixando o território por causa do terrorismo. Por isso estaria aumentando as ações na região.


Com agências internacionais

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